Fui visitar Maceió
Fui viajar pro nordeste.
Coisa linda, minha gente!
Conheci cabra da peste,
Um povo bem diferente.
E não há quem me conteste,
Na emoção que se sente.
O povo alegre convida
Pra se ter felicidade,
E sei que ninguém duvida
Da sua capacidade.
Nordestino goza a vida
Desde a mais tenra idade,
E transmite esta alegria
A qualquer um convidado.
Fui chegando e já sentia
A alegria a meu lado,
O nordestino fazia
Mais do que era obrigado.
Trazendo as informações
Das histórias do lugar,
Transmitindo as emoções
E, com leveza ao contar,
Toca os nossos corações,
Capaz de fazer chorar.
Contando a história, parece
Que o nordestino até sente
Que aquilo que oferece,
De maneira competente,
É como se fosse uma prece
Muito linda e comovente.
Suas praias,(Que beleza!)
Aquele tom esverdeado,
Capricho da natureza,
Parece um quadro pintado,
Com muita arte e destreza,
Por um artista sagrado.
É terra de lampião,
(Seria herói ou bandido?)
Que fez muita confusão,
Mas mesmo assim é querido
Por ter sido o valentão
Que defendeu o oprimido.
Ainda hoje, no nordeste
Lampião é muito lembrado,
O nome “Cabra da Peste”
É a ele consagrado.
Na caatinga ou no agreste,
É o homem mais afamado.
São três heróis do passado
Que têm famas reluzentes.
Um, Lampião, já foi citado
Os dois outros, presidentes.
Saber quem foi mais amado?
Há respostas diferentes.
Há quem prefira Lampião,
Outros querem os generais.
Deodoro, coitado, ancião,
Foi levado aos pedestais,
Mas sem ter força na mão
Chegou longe, até demais.
Já Floriano, impertinente,
Não era de brincadeira.
Não foi um bom presidente,
Fazendo muita besteira,
Achando que ser valente
É a virtude derradeira
Homem forte, não se abala
E briga com todo mundo.
Se o ordenança lhe fala:-
“O inglês vem,num segundo.”
Responde-“receba à bala”,
E mate este vagabundo.
Mas vou esquecer a besteira
Da fala deste valente.
Se é mentira ou verdadeira?
Hoje é indiferente.
Mais vale ver a rendeira
Vendendo para presente
Tanto bordado bonito
Para enfeitar nossa mesa.
Feito com arte, acredito,
Que só faz esta beleza,
Aquele com dom bendito
De enfeitar a natureza.
Ta faltando uma coisinha,
Vou lhe falar, meu irmão.
Nem mesmo alguma rainha
De qualquer outro rincão,
Será melhor, na cozinha,
Pra fazer um camarão.
Pois digo, então, sem segredo,
Desde a praia à Cabrobó,
Pode visitar sem medo,
E até mesmo tenho dó
Daquele que por degredo,
Não visitou Maceió.
Paulo Pereira
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