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cronicas-->Sebastião Simões Filho -- 02/12/2005 - 21:42 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sebastião Simões Filho


"Aqui está um santo!"
Segundo me disse Manoel Keller, muitos anos depois do acontecimento, foram essas as palavras que Marily Flora Andrade, mulher de Sebastião Simões, pronunciou baixinho quando se encontrava sozinha ao lado do caixão onde estavam os restos mortais do marido, preparados para o sepultamento.
Não era essa a imagem que eu possuía de Sebastião, embora sua bondade e falta de malícia, a desambição, a pureza de intenções que revelava em muitas atitudes e relacionamentos e o acendrado idealismo mostrassem um homem virtuoso. Mas eu atribuía tudo isso à desimportància que dava a muitas coisas da vida, que seduziam a tantos outros, aos bens materiais, à posição social e profissional a que foi elevado por seu talento e cultura.
Ele sempre me impressionou pela inteligência brilhante, a simplicidade e pelo discernimento que possuía sobre o que verdadeiramente importava, por seus valores e crenças, a firme ligação à terra que o viu nascer, à região a que dedicava suas preocupações e para a qual buscava soluções.
Mas, Marily Flora, sua mulher, que o conhecia muito mais de perto, por fora e por dentro, confidente e grande companheira, sabia muito bem o que estava dizendo, e não há porque duvidar dela.
Conheci Sebastião Simões em fins dos anos sessenta ou início dos setenta. Àquela altura, ele era o homem do "Grupo Económico" no Pólo Petroquímico da Bahia, o principal conselheiro para os investimentos no setor e executivo competente de algumas dessas companhias.
Iniciado o relacionamento definitivo de sua vida com Marily, colega e querida amiga, que à época chefiava o gabinete da presidência do banco, a gente se encontrava muito em almoços, jantares, mas, sobretudo, na casa de Zitelmann de Oliva, na Waldemar Falcão, para papos intermináveis.
Nessas ocasiões, o fósforo que o incendiava era o tema do desenvolvimento brasileiro e particularmente da pobre situação do Nordeste.
Sebastião possuía um entusiasmo genuíno quando falava desses assuntos e dos projetos que acalentava para a região, alguns que veio a implantar.
Ele, que em muitas dessas ocasiões parecia ausente, cismando, nessas horas sofria uma transfiguração e às vezes não parava de falar, seja analisando as ações governamentais ou empresariais voltadas ao Nordeste, seja pensando alto no detalhamento de planos que fervilhavam em sua cabeça.
Sebastião Simões Filho era um químico industrial formado no Recife, com aperfeiçoamento na Escola Nacional de Química, no Rio de Janeiro e estágio em Toulouse, na França.
Durante toda sua vida profissional esteve envolvido com os setores de indústrias de fertilizantes, solventes, polímeros e álcool combustível, tendo trabalhado na PETROBRÁS, na COPERBO, PETROFERTIL e COPEBRÁS, adquirindo grande experiência em administração e planejamento.
Vejo Sebastião Simões Filho como um patriota da estatura e importància para o país de um Jesus Soares Pereira e Rómulo de Almeida este, aliás, com quem trabalhou na CLAN Consultoria e Projetos, no planejamento do Pólo Petroquímico de Camaçari..
Tive a sorte de haver sido substituído por ele na Diretoria da Sucursal Norte e Nordeste do Banco Económico, sediada no Recife, quando a presidência da empresa decidiu utilizá-lo como ponta de lança num projeto que visava à expansão do crédito industrial do banco na Região.
Essa circunstància mostrou-me a dimensão do homem puro que ele era, pois em nenhum momento deixou de destacar o desempenho de seu antecessor, nem substituiu qualquer dos excelentes quadros da equipe que encontrou em Pernambuco, que eu constituíra durante os oito anos passados por lá.
Infelizmente para o banco, Sebastião não gostou da experiência de agir como banqueiro, financista, mesmo considerando sua visão desenvolvimentista e a disposição da Diretoria Geral em prestigiá-lo e depois de dois anos de experiência no novo cargo deixou a instituição para realizar dois projetos que absorviam seus sonhos e interesses: implantar a FACEPE, agência estadual de fomento à pesquisa científica e tecnológica de Pernambuco, da qual se tornou presidente até a véspera da morte, em março de 1991, e dar continuidade ao trabalho que desenvolvia na Fazenda Jaramataia, em Taperoá, sua terra natal, com o apoio do primo Manuelito Dantas (Manuel Dantas Vilar Filho).
Aqui, seu principal objetivo consistia em provar que a convivência de pessoas e animais com o semi-árido era possível, mediante adequado manejo das plantas do sertão, das águas escassas e da criação de raças bovinas e caprinas inteiramente adaptadas à caatinga.
Sebastião Simões Filho morreu como um passarinho, antes de completar sessenta e quatro anos, em sua residência, em Casa Forte, no Recife, deixando os parentes e amigos com imensas tristeza e saudades.
Salvador, 2 de dezembro de 2005

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