O corpo que cai.
Lá está ela fazendo sombra em uma nascente, segurando a ventania e liberando o vento, filtrando o sol, acalmando a chuva e com os braços abertos agarra a erosão.
Cinquenta, cem anos fazendo só isso?
E em um minuto uma serra atravessa o seu corpo e mata um ecossistema.
Começa a cair devagar, pássaros voam, animais gritam e o uirapuru lamenta.
Um trator frio, com um infeliz na direção, sai arrastando aquele corpo sem nenhum respeito ou dor.
O mandante sem alma, manda retalhar o corpo, para ser exibido em uma mesa de algum bacana.
Autor: Marco Túlio de Souza
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