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Cronicas-->Memórias de bar -- 28/11/2005 - 21:13 (Nelson Maia Schocair) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Memórias de bar

Sem porquês, decidiu escrever. Aliás, é um típico comportamento de quem não usa os sons além de formais sucessões de conformidade. Ele era assim. Posso-lhes assegurar que sempre o será.

Não fazia idéia da composição que o tomaria naquele silêncio inquietante pré-desjejum. Não se importava com faltas ou atrasos; falências ou falácias. Não seria sobre medicina ou artes-plásticas. Precisava desabafar com as letras. Era só.

Interrompido várias vezes por ataques de ausência, vez por outra pensava no ceticismo da violência contumaz. Nem cria ser possível erradicá-la, já que se violentava no cotidiano de suas frustrações.

Pensou no bar. O bar antigo... Aquele das mesas de pé de ferro e tampo de mármore.
O velho e bom bar de outrora, quando `saideiras´ eram iniciadas e depois perpetuadas de melodias saturnais. Extrairia daquele hemisfério o sumo essencial da vida. A alma dos bares ele encontrara.

Paredes mortas, de pintura esmaecida; luzes flácidas, que mal pareciam luar. No piso, tabuleiro de xadrez, disputava partidas imaginárias em jogos de alegria e dor. Dos banheiros - não tinha certeza - um entra e sai de criaturas fétidas, derradeiros sinais de alívio e angústia.

Não havia cardápio, antes `menu´; nem a "infame destruidora de idéias próprias", a televisão, entretanto um rádio de válvula, ora silencioso, a minutar o féretro da saudosa boêmia.
Sempre quis ter ali. Sentia-se atraído por sua glória passadista e presente desmerecedor, todavia se detinha, com vergonha de julgarem-no único em sua adoração pelo tédio.

Pediria a boa coalhada das quinze horas ou o café fresco, passado no pano amarelado de experiências infindas. Reencontraria o garçom, português casto, quarenta anos de cá estar, para pedir-lhe a bagaceira d´além-mar. Seria mágico consumir azeitonas e tremoços ou sardinhas, sem remorso, autênticas manifestações lusitanas. Que viesse Manuel, Joaquim, José, desde que trouxesse, na bandeja, a pureza nacionalista de seu sotaque.

Já sabia sobre o que escrever. Adviera a tese de sua crónica. Antevira, passo a passo, a descrição minuciosa de suas sensações. Estava lá, no bar de ontem. No bar de suas memórias pueris. Pronto para elucidar sem os ecos das palavras, o que as letras prescrevem ao silêncio da eterna lembrança.
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