Uma chuvinha fina,mas,pentelha,cai o dia todo;presa na cabine,ouço música brasileira,vinda de uma rádio carioca.Melhor esquecer deck e piscina,o tempo agora é outro.
Vejo um filme na companhia de René e Francis, tomando uma cervejinha. Noto,com satisfação mais uma grande vantagem que esta viagem me trouxe;quando cheguei só mantinha uma conversação com o cap. e a tripulação,por meio de uma interprete,a Francis;nem eles me entendiam nem eu a eles;Agora consigo manter uma conversa em Inglês,sem problemas;caiu a barreira do idioma.Mais cedo desci para a lavanderia e o Batman me ensinou a usar a prancha de passar roupa.È uma espécie de rolo grande,onde se põe a roupa estirada,move um pedal e a roupa desliza através de um rolo bem quente e sai muito bem passada.Só precisa cuidado para o rolo não levar os dedos.
Assisti a um dos crepúsculos mais belos de minha vida. Veio-me á cabeça o poema “O ocaso no mar” de Artur de Salles;”O céu,a valva azul a uma concha semelha...”Havia mil tons de laranja,em dégradé,um mar azul forte,as estrelas começando a aparecer,tímidas,não querendo perturbar o cenário.De repente surge Vésper,a estrela dos marinheiros,a mais bela e brilhante,seguida de uma lua crescente;pequenas luzes piscavam ao longe;relâmpagos faiscavam á distancia.A noite vinha vindo devagarzinho como se rezasse um rosário pelo caminho.
Há pouco subi para o deck procurando um livrinho que andava emprestado;Ray falava ao telefone com um oficial de um navio qualquer,em Inglês,;pediu-me para conversar com o cara.,que parecia bem feliz.-Ah!”Uma voz feminina tão doce na imensidão deste mar;”; ele também vai para Santos; desejei-lhe uma boa viagem; Voltei para a cabine e fui dormir; amanhã será um dia cheio; provavelmente vou acordar em frente a Santos.
17/5---3º feira: Em frente a Santos. Um frio sol de inverno á nossa espera.Francis me convocou para ajudá-la a escolher a roupa para o almoço.Com a Policia federal em greve ficaremos até ás 10 horas dentro do navio. |