Se você ficar doente
E a doença for renal
Controle a alimentação
E a pressão arterial
Evite comer gordura
Fique longe da fritura
Comida com pouco sal
Se o problema for embaixo
E se de ordem intestinal
Não coma da couve-flor
Você pode se dar mal
Todo mundo assustando
O mal cheiro exalando
E muito barulho ao final
Pra parar com o tiroteio
Coma fruta bem lavada
Muita comida fibrosa
E uma boa caminhada
Faça muito movimento
Que todo esse fermento
Sai na primeira empreitada
Nunca deixe para depois
Pensando não dar em nada
Com o tempo tudo piora
A cura é prejudicada
Deixa agente encabulado
Sentando meio de lado
Com a coisa inflamada
Visite sempre o doutor
Se já tem mais de quarenta
Faça o teste da dedada
Não diga que não agüenta
Depois não vá reclamar
Se for preciso arrancar
A glândula que alimenta
O seu machismo severo
Pode ficar complicado
Se for preciso cortar
Mais coisa do outro lado
O pior pode acontecer
A pessoa pensar sem poder
Ficar com ela deitado
Sem fome, indiferente
Corpo mal alimentado
Com fastio e sem prazer
Decretando feriado
Numa bela sexta-feira
Sentado n’uma cadeira
O casal bem comportado
Toda doença tem cura
Ou pode ser controlada
O mal que mata aos poucos
É a pessoa enganada
Votando pra presidente
Num companheiro da gente
Que depois não dá em nada
Mesma cantiga de sapo
Promessas mirabolantes
Emprego pra todo mundo
Aviso aos navegantes
O rombo da Previdência
Deixou todos na falência
Nada será como antes
Por isso o tal do salário
Só rendeu vinte reais
O Brasil não tem dinheiro
Gostariam de dar mais
Mas não se teria um tostão
Com a volta da inflação
E a falta de capitais
Melhor adiar o recesso
O descanso merecido
De nossos parlamentares
Pelo trabalho esquecido
Para o final de agosto
Já vejo sorriso no rosto
Pelo dinheiro devido
São vinte e cinco mil reais
Á conta dos eleitores
Para ajudar essa turma
De verdadeiros atores
Que duas vezes por ano
Abrem cortinas de pano
Para o teatro de horrores
São cômicos e trágicos
Dramas não saem de cena
Escândalos e falcatruas
Bingos e mega-sena
CPI do Waldomiro
Agora, a do Vampiro
Na esplanada, sem pena
Voam ratos e morcegos
Cobras e até gafanhotos
E o dinheiro do povo
Escorrendo nos esgotos
Enquanto a fome persiste
Na barriga ela insiste
Grita em forma de arrotos
Arrotos se multiplicam
Por todo o mundo afora
Na fala do presidente
A fome, a qualquer hora
Virou projeto mundial
Sucesso n’ aldeia global
A solução não demora
Enquanto isso, agente
Que sabe, da história, o final
Vamos pintar nossa cara
Esperar o Carnaval
Pulando como palhaço
Fazer nosso “panelaço”
Numa alegria total
Aprendendo com os erros
Mudar o enredo da’ escola
E as cores da bandeira
Por o voto na sacola
Sem emprego e sem comida
Eleger na avenida
Aquele que mais der bola
Para os trabalhadores
Ativos e aposentados
Para o povo tão sofrido
Para os desempregados
Crianças e anciãos
Para todos os cidadãos
Que estão desamparados
Homem que tenha palavra
Que seja nosso companheiro
Que saiba tratar com dureza
O sistema financeiro
Que não se curve ao Fundo
Pois não me chamo Raimundo
Nem me vendo por dinheiro