“É UMA VERGONHA”
Paulo de Góes Andrade
Hoje, 18 de dezembro de 2002, devemos ficar de pé para aplaudir o Congresso Nacional pela medida acertada que os nossos excelentíssimos deputados e senadores tomaram para se beneficiar.
Eles estão necessitados. E povo sabe disso. A vida encareceu com a subida do dólar. Esses homens, coitados, não podiam continuar com essa miséria de salário. Eles estão se alimentando pessimamente. Pagam aluguel caríssimo em Brasília. Os filhos, ou netos, estudam em escolas públicas, aonde vão metidos em ônibus lotados, levando solavancos nas paradas bruscas de motoristas nervosos. Os ilustres congressistas não andam mais de avião, já que o petróleo ficou mais caro, elevando, em conseqüência, o preço das passagens. Chegam, cansadíssimos, pela Itapemirim ou pela Viação São Geraldo. É um sacrifício que só Deus sabe... Até os familiares que os assessoram em seus gabinetes não estão podendo viver mais. A verba especial para sustentar os parentes não tem sido suficiente. Por isso, as esposas, filhos (ou filhas), genros (ou noras), e até domésticas, que compõem também a sua equipe de trabalho na Câmara e no Senado, de há muito não se fazem presentes no Distrito Federal. Essa gente, coitadinha, recebe a remuneração, a que faz jus, em casa mesmo. Devemos entender que é dureza a vida de parlamentar. Será que alguém ainda não observou, pelo menos pela televisão, o duro que eles dão quando no recinto do plenário das duas Casas do Congresso? É uma luta tenaz a vida desses patriotas, minha gente! É preciso entender que eles fazem as Leis. Mesmo aquelas que os beneficiem. E quem pode contestar. Eu? Você? Ou melhor, o povo? Ni, ni, ni, ni, ni, não! A nós resta apenas o direito de votar; de irmos às urnas para colocá-los ali no Legislativo para defender os nossos direitos.
E os nossos direitos estão aí, claros e cristalinos. O aumento da alíquota do Imposto de Renda, do IPTU, do IPVA, dos juros e tarifas, dos combustíveis, dos pedágios, do ensino nas nossas escolas, da cesta básica, etc, etc. Então, gente, por quê condenar esses homens que sempre batalharam pelo bem-estar do povo brasileiro? Seria uma injustiça de nossa parte não aplaudirmos o que eles fizeram hoje, em menos de cinco minutos, aumentando em 54% (cinqüenta e quatro por cento) os seus subsídios.
E todos os partidos (farinhas do mesmo saco) assinaram embaixo.
Viva o nosso Congresso Nacional!
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