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Contos-->DIARIO DE BORDO CAP.LXIV -- 12/03/2009 - 09:28 (Mirian de Sales Oliveira da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O mar exibe um azul forte,agressivo sob um céu brilhante.As ondas são muitas e enormes.Os marinheiros consideram ondas os pontos brancos de espuma e há milhares deles até onde a vista alcança.Percebo que vamos devagar,deve ser a tal velocidade econômica.Atrasamos mais uma hora até chegarmos ao fuso horário do Brasil. Já fiz de tudo e o tempo não passa.Estamos a 120m da costa de Maceió a uma velocidade de 15 nós por causa das correntes.Levaremos mais dois dias para chegar a Santos,maior porto da America do Sul.Daí mais três dias até Buenos Ayres,12h de lá até Montevidéu;mais dois dias e meio de Montevidéu até S. Francisco do Sul e mais um dia novamente,para Santos;esta é a nossa rotina.Lá saberei se volto para casa via Rio ou Vitoria.Os milagres,na navegação não são raros,quem sabe vamos a Salvador?”Buques,como las donas,son móbiles!
La dolce vita;banhos de piscina,cheia de água do mar,fresquinha,trocada todo dia e sem a conta da Embasa;conversas despretensiosas no deck,tomando sol,ou na minha cabine regada à cerveja e coca-cola.Tardes movidas a pão de queijo quentinho e bom bons italianos com licor e o sol a queimar,e o vento a soprar nos nossos rostos.Jantar com direito a bolo de chocolate confeitado,aniversario de JhoJho.Levo um abraço para ele,ganho uma alentada fatia de bolo que trago para a cabine,meu desjejum de amanhã garantido.As Ave - Maria vou á proa rezar,como sempre;Era à hora em que a luz e a sombra se abraçam num longo adeus.era à hora indecisa em que as almas estremecem diante dos mistérios;era à hora em que Deus põe no coração dos homens a lembrança da morte.
Um privilégio para poucos orar diante desta catedral infinita,sem paredes,sem altares,sem celas,sem nada que possa dividir os homens,apenas o mar poderoso aos nossos pés,fonte de vida e energia desde os começos do começo...O vento acariciando nosso rosto,o sol despedindo-se no Ocaso,uma explosão de cor e luz banhando o Oceano.A paz da natureza,seu equilíbrio,sua força e beleza;momento de reflexão.O Imponderável diante de nós,pequenas criaturas,assistindo ao espetáculo da natureza;onde está o nosso poder diante de tanto poder?quem somos nós diante de Quem È?De que serve o orgulho,a vaidade,a ganância,afinal?Perco horas contemplando as águas que vão e vêm; o encontro,o barulho,os abismos,a franja branca de espuma;o céu muito azul e quase sem nuvens parece uma grande concha a conter o Universo líquido que abraça o navio e o conduz.Pequenininha,minúscula diante deste cenário,só me resta admirar,sorver largamente esta paz que a natureza trás,nesta tarde de sonho.
Pouco a pouco estes dias de vinho e rosas vão passando e logo entrarão no rol das recordações inolvidáveis;a dura realidade nos espera em todos os porto que nos deixa mais perto do ponto final.Afinal uma viagem é ,em suma,a representação da vida;aportamos num lugar que não escolhemos e começamos a trajetória pelos caminhos do mundo,com algumas alegrias,auroras e pores-do-sol,mas,também muitas tristezas,muitos portos que não visitamos,muitas situações que nunca vivenciamos,tempestades que atravessamos,terremotos,maremotos de decepções,para aprender que,afinal,não passam de acidentes de percurso,chateações de viagem,porque no dia que formos chamados ao verdadeiro porto do desembarque,em dia e hora e lugar que nunca saberemos por que não vão se der ao trabalho de nos avisar,vemos que todas estas tribulações sequer valeram à pena.Cada minuto da vida nunca é mais,é sempre menos.
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