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Contos-->DIARIO DE BORDO CAP.LVIII -- 06/03/2009 - 15:18 (Mirian de Sales Oliveira da Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Saí para meu passeio matinal até a proa---desço e subo nove lances de escada—e constatei o que Ray me disse,no deck:-mar não bom.As ondas parecem ter 30mt;ao defrontar com aqueles abismos líquidos, um leve frisson passou pela minha espinha.Parecia o mar Tenebroso dos antigos navegadores,cuja coragem superava tudo,passava por cima de suas superstições e de seus terrores diante da força majestosa que fluía ao redor deles,e agora de nós também.Esta força milenar que já ceifou tantas vidas,o medo ancestral que nos transmite este barulho surdo,potente,ameaçador,vindo das profundezas, uma formidável esteira de espuma,um sorvedouro,redemoinhos com uma força magnética ficavam na popa do barco,que sofria,gemia no sobe e desce dos abismos,como folha ao vento.No Parque dos containeres,onde passei debaixo de gigantes de ferro,a fúria do mar aparecia em todo seu esplendor.Desisti do passeio até a proa,voltei assustada e fui procurar a cama que é lugar quente,recebendo no rosto o sol do meio-dia.Nós éramos o único navio num raio de 1000mt.;a profundidade era de 1590mt.
Acabei de fazer minha singela refeição do “Dia das Mães”:sanduíche de queijo,suco de frutas italiano,azeitonas de Barcelona e chocolate suíço;Passei a tarde lendo as revistas espanholas que comprei.Há terra perto,talvez as Canárias,ainda.Uma gaivota solitária sobrevoou o navio,pousou no alto do guindaste,saudou o sol e quando desci do deck,estava tranquilamente pousada na amurada da cabine de comando,esnobando as ondas;tinha uma cor branco-cinza e um ar atrevido.Cheguei bem perto;ela não se moveu e me olhou,curiosa.Só voou quando cheguei perto demais.
O navio continua balançando muito.Nesta situação,um hábito corriqueiro como escovar os dentes se torna um processo neurótico;o copo desliza,a escova cai derrubando o creme dental,a gente não sabe se segura o copo,a escova ou os dois,ou se segura agente mesmo.Um bailado grotesco!Minha plantinha,desde ontem,mudou-se para o box;esta precaução evitou que se esborrachasse no chão.As cortinas não param no lugar;têm que ser presas com uma cinta apropriada;o banho,uma proeza;acabo, cheia de indecentes manchas roxas por todo o corpo,tentando me equilibrar.,mas,batendo contra as torneiras do box;acordei com tudo espalhado pelo chão:bronzeador,livros,cinzeiros,revistas;até o Raul,quase sempre tão comportado e sorridente,hoje caiu por cima de mim com uma violência de mouro;suponho que seja saudade;o porta-retrato,claro!
IMG:Fuerteventura,uma das Ilhas Canárias
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