Aquela mão que apertou a minha,
quanta coisa falou à minha mão.
Ninguém ouvia o que falavam...
Sequer, ninguém desconfiava.
O que eu dizia, só tu ouvias,
só eu ouvia o que dizias.
Sem melodramas, nos separamos.
Nosso semblante, todo em disfarce,
não demonstrava o que sofríamos.
Sorrindo, "adeus" te disse, mas, no fundo,
só eu sabia o que sentias,
o que eu sentia, só tu sabias.
Eu, que tanto queria beijar-te
e abraçar-te com toda emoção...
O que mais pude foi acenar-te,
pois nosso amor ninguém permitia.
O que eu sentia, só tu sabias,
só eu sabia o que sentias.
Hoje, à distância, recordo triste
aquelas horas quando, escondido, eu
ia ao encontro dos teus carinhos
e, ali, juntinhos, longe de tudo,
o que eu queria, só tu sabias,
só eu sabia o que querias.
Agora, eu penso se também pensas
as mesmas coisas em que penso eu;
porque, distante, somente penso
que a verdade é o que ora digo:
nada mais sei do teu pensamento,
meu pensamento, não sabes mais.
|