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Artigos-->O diário de viagem de Hércules Florence -- 17/12/2002 - 20:30 (Francisco A. Florence) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em 1825, quando foi contratado pelo barão von Langsdorff para participar da expedição científica que percorreria o interior do Brasil, Hércules Florence levou consigo um caderno de bolso, com capa de papelão e lombada de couro, e mais de duzentas páginas em branco. Depois de três anos e meio, ao término da expedição em Belém, o volume com as folhas preenchidas em francês, pela sua letra miúda, havia se transformado em diário de campo. Foi nesse pequeno caderno, que se encontra em arquivo da família Florence, que Hércules narrou, em forma de rápidas notas e registros resumidos, para posterior aproveitamento e desenvolvimento, as observações feitas durante a viagem. Descreveu os acontecimentos, os aspectos gerais das regiões e das paisagens, além dos costumes da população e dos índios. Guardou, também, consigo, cópias de desenhos e aquarelas cujos originais estavam destinados à Rússia. No dia 10 de novembro de 1828, de Belém, em carta para sua mãe, em Mônaco, escreveu que cuidaria pessoalmente da publicação de seu diário e desenhos, pois o governo russo dificilmente o faria.

No navio que trouxe os expedicionários de volta ao Rio de Janeiro, em março de 1829, Hércules passou a reescrever a primeira variante de seu diário. No Rio de Janeiro, onde permaneceu durante alguns meses antes de fixar residência em Campinas, deixou com familiares de Adrien Taunay, que também fora desenhista da expedição e morrera afogado nas águas do Guaporé, a primeira parte dessa variante que trazia o relato da saída da expedição até a chegada em Cuiabá. A segunda parte, sobre a trajetória de Cuiabá até o Pará, enviou para a Rússia, no início de 1830.

Quarenta e cinco anos mais tarde, Alfredo D´Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, filho de Félix Émile, irmão de Adrien Taunay, ao remexer em velhos papéis, por ocasião de mudança de residência, encontrou por acaso, o precioso manuscrito de Florence composto de oitenta e quatro páginas cuja escrita, embora estivesse se esmaecendo pela ação do tempo, ainda era legível. Trazia como título: " Esboço da viagem do Sr. Langsdorff no interior do Brasil pelo segundo desenhista da comissão cientifica Hércules Florence ". O Visconde de Taunay que havia conhecido pessoalmente Hércules, em 1865, quando estivera no Estado de São Paulo, solicitou sua autorização para a publicação do manuscrito. Quando recebeu a resposta de Hércules, lhe escreveu, em 10 de junho de 1875, do Rio de Janeiro: " Só hoje é que recebi a sua estimável carta de 27 do mês p. passado, na qual me anuncia ter pronta, há quinze anos, uma relação de sua interessante viagem. O que possuo e está tudo traduzido já por mim... são simples apontamentos muitas vezes; entretanto todas as páginas têm leitura proveitosa e deleitável... Creio que o melhor a fazer é imprimir na revista do Instituto Histórico esta primeira parte traduzida... "

Foi graças às correspondências que manteve com Florence que o Visconde de Taunay, sabendo que a parte pitoresca da longa expedição com mais de trezentos desenhos estava pronta para ser impressa havia quinze anos, conseguiu sua aprovação para publicar a tradução completa da obra no ano de 1875. Tal publicação, servindo como título de admissão, permitiu que Hércules, em 23 de novembro de 1877, fosse aceito como membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil.

Antes disso, Hércules, entre os quarenta e cinco e cinqüenta e quatro anos de idade, acrescentando algumas impressões pessoais, já havia registrado a segunda variante de seu diário no volumoso manuscrito que se encontra, atualmente, no arquivo da família Florence em Campinas. Essa cópia do diário foi publicada no idioma original francês nos anos 1905 e 1907 e mais tarde, em tradução para o português, no ano de 1977.

O diário de viagem escrito por Hércules é historicamente o primeiro relato que trouxe a público os acontecimentos relacionados com a segunda etapa da expedição Langsdorff, pois seu acervo, que esteve perdido durante mais de cem anos, só foi encontrado em 1930 na Rússia. Essa divulgação pioneira se deveu não apenas ao que Florence escreveu mas também à iniciativa que teve o Visconde de Taunay em publicar sua tradução.

Comentarios

Evandro César dos santos  - 27/06/2020

Muito Obrigado por valioso relato. Importante registro que permite primeiros passos de uma pesquisa sobre a história preciosa do e profunda do Brasil do século XIX que precisamos explorar mais.

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