A propósito, tivemos um professor sonetista que preferia soneto que terminasse em palavra oxítona,pois, assim, o texto se encerrava na última sílaba, como, por exewmplo: "em que voltasses para meu perdão..." (Adelmar Tavares, soneto PARA O MEU PERDÃO).
Há um grande número de fenômenos quanto aos versos ou linhas de um soneto. Mas, vamos vamos nos ater aos mais comuns como a junção e o hiato. No primeiro caso, duas vogais de palavras que se seguem, formam um só som, e, assim, poeticamente,
são tidas como uma só sílaba. Exemplos num mesmo verso: "Eu vi a linda Estela e, namorado," - (Alvarenga Peixoto, soneto ESTELA E NIZE)
Eu-vi-a-lin-da Es-te-la e-na-mo-ra (do, sílaba morta, depois da rima). Entre as sílabas 2 e 3, temos um hiato,e, na 5a. e na 7a., casos de junção.
Se fossemos aprofundar nossas despretenciosas apreciações, iríamos pesquisar o fenômenos da CRASE, SINALEFA,HIPERBATO, METÁFORA, etc.
Voltando, porém, ao alexandrino, queremos dizer que, em princípio, seus versos são compostos de dois versos de seis sílabas, dando-se o hemistíquio na sexta sílaba.
E, para encerrar, o soneto que é peça literária mais traduzida para todas as línguas:
Soneto de Arvers(no original Sonnet)
Tenho na alma um segredo e um mistério na vida:
um amor que nasceu, eterno, num momento.
É sem remédio a dor; trago-a, pois, escondida,
e aquela que a causou nem sabe o meu tormento.
Por ela hei de passar, sombra inapercebida,
sempre a seu lado, mas num triste isolamento.
E chegarei ao fim da existência esquecida,
sem nada ousar pedir e sem um só lamento.
E ela, que entanto Deus fez terna e complacente,
há de, por seu caminho, ir surda e indiferente
ao murmúrio de amor que sempre o seguirá.
A um austero dever piedosamente presa,
ela dirá, lendo estes versos, com certeza:
- "Que mulher será esta?" - E não compreenderá.
(Tradução de Guilherme de Almeida - "Poetas de França" - 1944) |