Debater-se contra a lama,
Desperdiçando forças como quem reclama,
É algo inútil e penoso.
Desgasta o corpo, à alma esfaima
E ao caminho não aplaina.
Antes: o torna mais argiloso.
Em meio ao fétido lodo,
Sem denodo,
Conspiramos contra nós.
Blasfemamos contra todos,
Sem encontrarmos o nodo,
Reverberando nossa voz.
Esquecemos que nossos gritos,
Ainda que aflitos,
São frutos de nossa própria vontade.
Culpamos o infinito!
Mas a causa da falta de fito
É nossa leviandade.
Nossos gestos, nosso embate
Mais na lama nos abate,
Nos levam pras profundezas.
Nosso berro é só desgaste
Porque nos carece a haste
Que nos resgate das torpezas.
Nossos erros nos levam a pique.
Pra sair é preciso que se fique
Imóvel, mas sem preguiça.
Que nossa mente se modifique,
O espírito?: dignifique.
Só assim, com outra psique,
Podemos escapar da areia movediça...
P.S.: Poema escrito em 2/3/2004 |