Quando na terra se aparta
O pão à seara farta
Por ambição e desleixo
Resta enfrentar o mar morto
Fortes da alma e do corpo
E verbo firme no queixo.

Do singelo chão de Aleixo
Ao redor do luso eixo
Em português afamado
Até ao Céu de Camões
Pulsam trezentos milhões
De Fados no mesmo Fado.

De Drummond a Jorge Amado
Em brasileiro sambado
A língua da nossa gesta
Atinge o ritmo perfeito
E no terreiro do peito
Dança de lábios em festa.

Pelo mundo fina aresta
E dilecta linha mestra
Da palavra que bem fique
Vai de Angola à Guiné,
Macau, Timor, São Tomé,
Cabo Verde e Moçambique.

Da descoberta alambique
Por obra de Dom Henrique
Infante navegador,
Deu à luz um rei-soldado
No Brasil proclamado
Dom Pedro o Libertador.

Sementes por destemor
Sob bandeira em flor
Pela voz implantou
Em sangue e suores vertidos
No verde mar dos sentidos
Outras bandeiras gerou.

Tudo muda... E mudou
Na vontade que logrou
Um novo sonho e pendor
Dentre as brumas da memória
Que do ventre da história
Surge em pele multicor.

Face a face ao Bojador
Onde o velho Adamastor
Mais uma vez se levanta
A vida como outrora
Naus ao vento segue agora
E noutros mares se agiganta.

Fado em chama na garganta,
Samba e morna o povo canta
À saudade e ao amor
Que são vital alimento
Das fomes do pensamento
E húmus do seu vigor.

Por Pessoa o agrimensor
Do imenso esplendor
Da Língua Portuguesa,
Hoje una Lusofonia
É em ardente alquimia
Idílica Pátria acesa

Apelo-Vos... Poetisas e Poetas
Do verbo que trago em minha voz:
Ergamos em palavras descobertas
As pátrias à Pátria de todos nós!

Portugal = Brasil = Angola = Guiné Bissau = Macau = Timor = São Tomé e Princípe = Cabo Verde = Moçambique = Goa, Damão e Diu = Galiza = Comunidades Portuguesas

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