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Cronicas-->Neverland -- 28/10/2005 - 18:33 (Gisela Scheinpflug) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho uma amiga em Brasília que tem um casamento bem diferente do convencional. A casa dela é um tanto anárquica em alguns sentidos, e ela tem uma relação aberta com o marido dela. Eles ficam com outras pessoas e falam abertamente disto. É estranho num primeiro momento, porque não é convencional. Mas agora que comecei a frequentar a casa deles, percebi que os filhos deles são impressionantemente bem educados, pois basta ela falar uma vez para que eles obedeçam. Ela não deixa os meninos ficarem por perto quando ela fuma. E ela fuma cigarro, é bom deixar claro. E na cozinha, o cuidado dela com a limpeza dos alimentos é notório.

Então encontrei uma família bastante diferente das que costumava ter ao meu redor. Em outros tempos eu entenderia um relacionamento amoroso que exista desta forma como o princípio do fim. Imaginaria que seria apenas uma questão de tempo para acontecer uma separação. Pensaria que eles estão juntos por simples conveniência. Mas já não tenho mais todas as convicções que tinha no passado, e concluí já há algum tempo que todos os moldes que eu possuía dentro da minha cabeça quadrada me serviram apenas para manter a minha cabeça em um formato quadrado. Nada mais.

Já ouvi falar em casamentos a três. Situações da vida que levam três pessoas a compartilhar a cama e a casa, em um relacionamento feliz e verdadeiro. Já soube de dois ou três casos destes. Então estou concluindo que um casamento é uma relação amorosa de longo prazo, não interessa quantos se relacionam, de que tipo ou de que forma, e sim, se estão felizes com a vida que levam.

O mais engraçado de tudo isto é perceber o quanto eu e esta minha amiga somos parecidas, mesmo sendo tão diferentes. Eu sou bem resolvida com a monogamia, sou tranquila, quase caseira, de dormir cedo e acordar cedo para pedalar. Ela é o oposto disto tudo, e cada dia parecem semanas, de tantas histórias novas que surgem ao longo da noite, que é uma criança. Mas o principal é que existe respeito entre nós.

Acredito que é isto que tenho colhido nas minhas amizades ultimamente: muito respeito pelo meu jeito um tanto diferente de ser. Já disseram que a gente colhe o que planta, então talvez eu esteja colhendo respeito porque esteja aprendendo a respeitar as diferenças e a amar as pessoas tal qual elas são.

Assisti à pouco ao filme que retrata a vida do dramaturgo James M. Barrie, autor das maravilhosas estórias de Peter Pan. O filme chama-se Em Busca da Terra do Nunca, e é realmente imperdível. Para as chorosas como eu, a dica é ter em mãos alguns lenços de papel. Alguns muitos, eu diria. O escritor se apaixonou loucamente, mas não exatamente por uma mulher, e sim, por sua família, composta por ela e seus quatro filhos, todos muito especiais.

Talvez o filme tenha me tocado mais profundamente porque cresci lendo as histórias de Peter Pan, então houve um clima nostálgico no ar. Mas Peter Pan era exatamente isto: ele era autêntico, e para continuar a viver feliz da forma como ele gostava, ele criou outra terra, a Terra do Nunca, onde as coisas funcionavam exatamente da forma como ele achava que deveriam ser.

Muitos de nós fazemos isto, acabamos por criar universos paralelos, as tribos onde cada grupo se encontra e se sente em casa. Na minha Terra do Nunca em particular, os casamentos são para o resto da vida, e as pessoas jamais prejudicam as outras em sã consciência apenas para atingir os seus próprios objetivos. Nesta mesma Terra não existe a manipulação do outro com segundas intenções. As pessoas aceitam umas às outras tal qual nasceram e foram criadas, com seus traumas e suas neuras. Na minha Terra, todos fazem algum tipo de terapia, e jamais levam para o lado pessoal algo que alguém lhes diz, porque são bem resolvidas consigo mesmas.

Já encontrei bons amigos que querem, assim como eu, encontrar esta Terra. Já somos uma tribo, e isto já é um bom começo.
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