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cronicas-->Enézio de Freitas Gonçalves -- 25/10/2005 - 11:05 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Enézio de Freitas Gonçalves


Manhã de sexta-feira, neste dia frio e chuvoso de julho, Keller telefona para os abraços pelo meu aniversário e dá uma triste notícia:
- Morreu, em Conquista, dias atrás, nosso amigo Enézio Gonçalves!
Como tantos outros antigos colegas, com Enézio vai-se mais uma importante fase da memória do Banco Económico, empresa que ajudou a construir, com muito amor, dedicação e competência.
Membro de conhecida família de Serrinha, muito jovem, na década dos quarenta, Enézio foi levado pelo gerente Jonas Hortélio para trabalhar na agência do Económico em Vitória da Conquista, a primeira instituição bancária instalada no interior do Estado, em 1930, pelo gênio empreendedor do então presidente do banco e ex-governador da Bahia, Góes Calmon.
E, aqui, cabe abrir um parêntese para informar que durante os dez primeiros anos de inaugurada, a agência de Conquista foi gerenciada por Joaquim Hortélio, irmão de Jonas.
Quando o próprio Manoel Keller ingressou no banco, em Conquista, em 1948, já encontrou Enézio, ocupando o cargo de caixa, função de tamanha responsabilidade que, à época, se exigia fiança de algum comerciante para seu exercício.
Tempos depois, com o trabalho sério que sempre foi sua característica, ascendeu ao posto de contador, função que, mais tarde, passou a denominar-se chefe de escritório e, por fim, gerente administrativo.
Quando eu próprio vim para o banco, em meados de 1953, Enézio já era o gerente da agência e nesse cargo, sem deixar Conquista, um fato raro na vida bancária, ficou até a aposentadoria, muitos e muitos anos depois.
Ele sempre me impressionou pela sobriedade, e pela energia que punha nas coisas que fazia. Às vezes encarava as crenças e atividades com tanto entusiasmo que até gaguejava um pouco para expressar-se, atropelando as palavras.
Naquele tempo o presidente do Banco era dr. Miguel Calmon, um acadêmico, professor catedrático da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, mas também um homem prático, estudioso das atividades bancárias, que mantinha com os gerentes do interior um relacionamento extremamente cordial.
Membro de família das mais aristocráticas da Bahia, que sabia receber como ninguém em sua bela casa da ladeira da Barra Avenida, eu notava que dr. Miguel tinha uma predileção por Enézio, dos poucos funcionários de carreira que ocupavam a gerência que, em geral, era exercida por comerciantes e fazendeiros de muita respeitabilidade em suas cidades.
O presidente do banco, à época, como forma de manter-se perfeitamente informado das necessidades da empresa, das peculiaridades das várias regiões do Estado e, ainda, para conhecer os principais clientes e "doutrinar" os funcionários, visitava anualmente as cidades onde o banco possuía filiais.
Quando ia a Conquista, era recebido com fidalguia por Enézio e sua mulher, Madalena e muito valorizava esse contato.
Em Salvador, também anualmente, ele e sua mulher Sílvia Calmon, recebiam os gerentes do interior acompanhados das esposas, dando a eles um tratamento principesco.
Sei, porque muitas vezes falei com ele sobre isso, que Enézio tinha não apenas admiração e amizade, mas verdadeiramente reverência por dr. Miguel Calmon. O Banco Económico, por sua vez, era a paixão, centralizava seu interesse, suas energias.
É fora de dúvida que Enézio de Freitas Gonçalves foi um bancário exemplar e um gerente extraordinariamente competente, que conquistava e mantinha grande clientela e distribuía o crédito com destemor, mas sempre preservando a segurança do banco. Muitas vezes eu o ouvi dizer que nos quase trinta anos em que foi gerente da agência de Vitória da Conquista não levou um só empréstimo a prejuízo.
Mesmo antes de sair do banco Enézio começou a desenvolver atividades empresariais, como pecuarista e agricultor.
Já fora do banco, ampliou seus negócios: tornou-se também industrial, administrando empresas de torrefação de café e de refrigerantes.
Na terra que tomou como sua, e onde veio a falecer, Enézio de Freitas Gonçalves deixou a marca de operosidade, de compromisso com a seriedade e de intransigente honestidade. Em minha vida de bancário sempre tive orgulho de haver sido seu colega.

23/07/05





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