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Artigos-->Homem no espelho -- 16/12/2002 - 17:08 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Uma vez na minha vida eu senti de verdade o que é solidão, mas não foi a minha que eu senti foi à solidão de outras pessoas, uma vez na minha vida eu senti a dor de pessoas que estão tão distantes de mim, mas que a todo o momento cruzam o meu caminho.

Numa noite fria eu caminhava com o meu casaco favorito tão quentinho, tinha acabado de tomar um gostoso banho e de jantar uma comida maravilhosa pela minha mãe, fui andar um pouco para comprar os presentes de natal para a minha família e para as pessoas queridas.

E naquela noite fria caminhando pela rua foi que eu senti todas essas coisas, quando dobrei a esquina e olhei para os lados eu vi pessoas deitadas na calçada e não podia mais fingir que eu não os estava vendo, eu vi crianças vendendo doces nos bares, eu vi velhinhos pedindo esmola, eu vi gente em cadeiras de rodas pedindo dinheiro no sinal, não meu coração não me deixa ser assim, não me deixe fingir que tudo isso não é comigo, eu olhei para mim mesmo quando minha imagem refletiu numa poça d´água, vestido e quentinho e aquelas pessoas sem casa, com frio, sem comida e sem amor, se eu pudesse dar um pouquinho do que tenho e se isso fizesse diferença, sempre damos aquilo que não nos serve mais, roupas velhas, trocados que não fazer falta,mas nunca nos lembramos que eles são iguais a nós, eu sei que a gente não pode salvar o mundo sozinho, tudo que eu queria naquela hora era mostrar para eles como eu me sentia, que eu os amava, que eu não fingia que eles não estavam lá, que eu os estava Vendo muito mais do que com os olhos de ver, mas com os olhos do meu coração e que aquilo me doía e me feria profundamente.

O olhar do menino triste vendendo doce, me lembra da minha infância feliz e cheia de amor, se eu pudesse ter dividido com ele essa alegria, olhando a velhinha pedindo esmola me lembro dos meus pais que envelheceram e estão seguros lá em casa, me lembro da minha avó querida protegida na casa dela, penso em mim que um dia também vou envelhecer, olhando os deficientes no sinal olho para as minhas pernas, penso em como eu sou feliz por ter nascido perfeito, aquelas pessoas não pediram para nascer assim, se eu tivesse mais pernas e mais braços eu os daria.

Um mendigo sentado na calçada me chamou a atenção, ele olhava-se num caco de espelho quebrado encostado num muro, ele se olhava e falava com si mesmo, como se aquela fosse sua única companhia e nenhuma mensagem poderia ter sido mais clara.

Se não fizermos do mundo um lugar melhor para se viver teremos perdido a oportunidade de um dia ver todas pessoas se não iguais, mas pelo menos com dignidade para viver, a mensagem me dizia que a culpa é de todo mundo, porque muitas vezes só pensamos em nós mesmo e fechamos os olhos para o que se passa a nossa volta, nos fechamos no nosso mundo perfeito onde tudo está no seu devido lugar e achamos que sempre fazemos o certo, pensamos que somos nós os donos da verdade e a culpa também pode não ser de ninguém porque tem coisas que não dependem só de nós e cada pessoa reage à vida de uma forma, as pessoas que são pobres não são porque elas querem, essa desigualdade existe no mundo desde que o mundo é mundo, mas o que a humanidade fez com as minorias, com os negros, com a África berço da nossa civilização está sendo cobrado com juros, o triste é saber que não há nem se quer sinal de luz no fim do túnel.

O mendigo olhando no espelho parecia querer uma resposta para tudo aquilo como eu queria, não era só a imagem dele que era refletida naquele espelho era a minha, a sua e a de toda a humanidade.



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