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Poesias-->ESPLENDOR -- 15/02/2010 - 15:58 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ESPLENDOR

Lílian Maial





De súbito,

o peso de anos,

sobre o dorso, se desfez.

Aquele incômodo,

fardo de Atlas,

rompeu as barreiras,

soltou as amarras,

cedeu resistências.



Ela voou.

Ali, naquele instante,

abriu suas asas douradas

(que sempre soubera recolhidas)

e encantou-se de sua liberdade.



Subiu no topo do mundo,

com o sorriso pleno dos deuses,

o rasgo fino da boca dos sábios,

e, diante do conhecomento de todas as verdades,

sentiu o alívio dos que se atrevem.



Ela voou.

E não foi em dor ou agonia,

mas numa estranha sensação

de arrogante alegria.

A mesma dos anjos idosos,

para quem o tempo parou de contar.



Ela voou,

artista principal de sua vida,

não regateou seu papel,

o palco era seu,

não aceitaria menos que o destino.



Então,

na consciência de lagarta

prestes a parir asas,

renegou o casulo

e pôs-se a sonhar mulher alada.



Voou.

E no balé de suas plumas,

abanou certezas de segundo,

liqüefez as pedras e as farpas,

derreteu a frieza dos homens,

sacudiu lembranças com o vento,

e lançou-se.



E o mundo todo,

lá de baixo,

não ousou fitar a libélula dourada,

espalhando lágrimas de purpurina,

pólen de saudade lagarta,

que não conseguiu amputar as próprias asas.



Nascera borboleta pronta,

e nunca poderia deixar-se morrer no casulo.





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