Deixai em paz meu coração,
Confiei em ilusões estranhas,
Mentiras que queimam entranhas,
E acorrentam a alma em prisão.
Hoje as portas são largas,
As vidas mais amargas,
Com pouca vida que tinha,
A espera de Deus...
Que leve a minha!
Agora já é muito tarde,
A tua alma acalmaste,
Braços e Pernas tremo,
Na quebra do fêmur,
Em uma cama que hoje peno!
Minha face a empalidecer,
Não quero te aborrecer,
Não viro mais o pescoço,
Não vejo mais teu rosto.
Pegar à vida ainda...?
Sem esperança que prescinda?
No mundo estou ausente,
É meu destino inclemente.
Não enxergo nenhuma luz,
Deixo a minha pesada cruz,
Não sou mais a Luiza que queria ser,
Mas, ainda há vida no meu querer.
Minha mente ainda tenho viva,
Há lembrança lenitiva,
Fui mãe e também pai,
Sem nunca
Ter parido filhos... Jamais!
Peço ao meu Deus e Senhor,
Que tenhas sido Mãe por amor,
Quando o meu corpo dorme,
É quando o pesar não me consome.
Não fui rica nem tive riqueza,
Para não viver nela presa,
Em ti acreditei em vão,
Hoje não tenho teto, nem chão...
De contrato eu não compreendo,
Pelo destino ainda estou vivendo,
O que vais fazer ainda contra mim?
Já fui vencida há tempo, enfim!
O que mais me resta levar?
Só resta agora o meu penar,
Há muito que fostes embora,
Foi o que me fizeste até agora.
Deus me dará a vitória,
Depois desta vida inglória,
Não neste mundo, não nesta vida,
Sem sentir esta dor tão doída.
Estou deixando o meu fado,
Não é mais do meu agrado,
Meu amado Deus me conforte,
Hei de deixá-lo na minha morte.
Meu Deus está me libertando,
Não estou mais sob teu mando,
A tua sorte não sei, será nefasta?
O que me tomaste já te basta.
Vivo como uma estrangeira,
Tive minha casa à vida inteira,
Com dificuldades em meio à luta,
Hoje grito: “Meu Pai me ajuda!”
Meu Deus, só a ti tenho paixão,
Prepara na terra o meu caixão,
Junto a ti encontrarei a felicidade,
Em tua companhia por toda eternidade.
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