Bailarina
Quando o capim deitava
Sob o peso da formiga
E faltava vento para o barco de papel
Fazia jogos com pedaços de barbante
Ou brincava de passar anel
O sopro que molda o vidro
-Tirando dele a taça-
Moldava o tempo de calor:
O sopro do tempo,na boca, era bocejo
No corpo, era o langor
Hoje rimo sentimento com sofrimento;
A voz abafada e rouca
Escondida na encruzilhada
Das rugas no canto da boca
Não porta tanto encanto
O raminho de coentro
Na boca da cidade
Virou gosto da saudade
Que a realidade misturou ao cimento
Contudo, ainda vivo com graça;
Carrego um resto da menina
Na mulher, que, como bailarina
Na vida, dança na borda da taça
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