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Contos-->AMORES DESENCONTRADOS ( 3º classificada na Itália) -- 01/02/2009 - 12:27 (Umbelina Linhares Pimenta Frota Bastos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

AMORES DESENCONTRADOS



Falar de amor qualquer um fala, mas é preciso alguém muito especial para falar desse amor, porque, na verdade, o amor puro está longe de posses e medos. Muito distante das escolhas humanas.
Para falar de amor é preciso sublimidade, ser capaz de fluir a intensidade deste sentimento, vivê-lo a cada momento e vivê-lo loucamente na alegria e na dor.
Deixemos que a esperança invada nosso ser para que, então, a fé domine nossa razão; e diante de certos fatos, criemos ligações com pessoas, ignorando nossos desencontros.
Mas nós humanos, vivemos tão preocupados em esconder o que sentimos que acabamos escondendo-o de nós mesmos. Não é da vida que devemos ter medo, mas de nós mesmos e da nossa imaturidade, pois nem o saber é saber completo.
E pêlos caminhos das ilusões meus pensamentos divagam, enquanto respiro fundo. Olho fixamente para o firmamento, e vejo um dia resplendoroso. O sol com seus raios dourados proporcionam me devaneios.
Vejo diante de mim uma graciosa jovem, alta, esbelta, corpo divinal, parece uma modelo na passarela. Impossível não admirá-la.
No momento em que Rosa me foi apresentada pela sua irmã Enir, bastante parecida com ela, além de falante, alegre e formosa__ eu estava tranqüila, sentada em uma poltrona, à direita do salão.
Moça prendada e admirada pôr todos. Sorridente, pairava, no entanto, em seu semblante uma nuvem de tristeza. Talvez, pôr motivos acontecidos ainda na sua infância.
Sempre vivera na fazenda onde nasceu. Viveu, ali, com seis irmão e os seus pais, senhor Geraldo, lavrador, e Dona Celina, mulher inteligente, corajosa, simples e trabalhadora. Contudo, os anos haviam passado e, pôr mais que perseguisse seu sonho, Dona Celina nunca conseguira formar as filhas.
As moças trabalhavam na roça, capinavam, cuidavam do gado, apartavam os bezerros, tiravam leite todos os dias pela manhã, cuidavam das galinhas, porcos e outros animais.
A fazenda era fantástica! Haviam muitas árvores, um maravilhoso rio com uma agradável cachoeira e suas águas cristalinas. Quanta beleza, meu Deus!.
E como eles tinham uma grande esperança de melhorar de vida, sentiam que valia a pena lutar tanto. Com certeza, queriam, e muito, vencer na vida. Buscavam, portanto prosperar.
Tudo parecia estar progredindo bem. Então, Dona Celina, guerreira, esteio da família, inesperadamente adoece. Todos ficam preocupados com seu estado de saúde, mas ela, calada, silenciosa como as flores do campo na primavera, observava.
Os médicos tentavam descobrir a causa verdadeira de sua doença, pois, pôr mais que quisessem curá-la da sua enfermidade, os medicamentos nada resolviam. Ela sentia-se cada vez mais fraca. Temia, enfim, pela filhas, não queria vê-las sofrer.
Elas mereciam toda felicidade do mundo. Às vezes, Dona Celina deixava-se cair na cama, enfiando a cabeça entre as mãos. Não conseguia conter seu pranto.
Meses se passaram até que Dona Celina faleceu, deixando uma saudade imensa para suas filhas e seu esposo Geraldo. Passaram-se os dias, meses e todos, ficavam cada vez mais entristecidos.
O senhor Geraldo já não era o mesmo, nem as filhas. Até as plantações e os animais, foram ficando sem os cuidados devidos. As flores do alpendre, os jasmins não exalavam mais aquele perfume por toda a casa.
O rosto do senhor Geraldo estampava uma grande tristeza. Ele procurava diminuir a saudade de sua querida esposa entretendo-se em diálogos, e conversas de varanda, com pessoas amigas. Logo, foi vendendo a criação, o gado, os porcos; e pouco a pouco foi acabando tudo o que a família tinha. E, como é do conhecimento de todos, quem perde bens, perde muito, mas perde mais quem, certamente, perde a coragem que Deus lhe deu.
Rosa passou a freqüentar festas e bailes, mas em verdade, sentia-se amargurada e triste. A vida era árdua para ela. Não tinha a quem recorrer, discutir seus problemas.
Apenas carregava consigo uma grande esperança de que tudo aquilo um dia teria fim. Para ela, era tudo um grande pesadelo. Não podia acreditar em tudo que estava acontecendo.
Sentia-se frágil, abandonada, mal e insegura. Porém, Deus não desampara aqueles que sofrem.
Num dia, inesperadamente, viu ao seu lado um jovem elegante com sorriso nos lábios, que, sem preâmbulos disse-se lhe “venho lhe observando, vou levá-la daqui.
Vamos embora para casa, pegue seus pertences. Ela ficara surpresa. Seus olhares se cruzaram, como se soubessem, ou se reconhecessem, desde há muito.
Rosa confiou nele. Falante, decidido, Zé Moreno parecia que sabia o que estava fazendo. Fora amor à primeira vista. Apaixonaram-se. Ele, lavrador , conhecedor da labuta do campo, enquanto Rosa era moça acostumada a viver na fazenda, juntamente com seus pais e seus costumes .
Rosa estava feliz pela primeira vez, depois de um longo tempo. Tudo parecia um sonho, não queria acordar, pois temia a realidade. Ela e Zé Moreno se uniram numa noite com o céu apinhado de estrelas. Juras de amor. Uniram-se tendo-se por testemunha a luz do luar. Parecia bons presságios.
Com carinho preparavam a casa, onde iam morar.
Os anos transcorreram serenos, o casal era só felicidade. Casa nova e lindas flores para alegrar a casa.
Rosa e Zé moreno sempre procurando dar o melhor de si, para que seu amor vicejasse cada vez mais . Saíam juntos, iam a passeio, aos restaurantes, a viagens, festas. Eram felizes, uma vez que a melhor maneira de conservar a felicidade é reparti-la, pois o amor é, em suma, a mola real da vida. Na fazenda, eram alegres, se amavam cada vez mais. Românticos, gostavam de ouvir suas canções preferidas .
Nove anos se passaram e, certo dia, ela foi percebendo que tinha algo errado. Seu amor já não era mais o mesmo ele não podia ter mudado tanto.
Sofria calada, ninguém poderia avaliar o que ela estava sentindo. Amava loucamente aquele homem. Tinha vontade de falar, mas se sentia insegura, sua cabeça dava voltas enjoada.
Em seu desespero ia relembrando todos os anos de dedicação, carinho e amor. Agora, depois de tudo, ele a estava deixando aos poucos, seduzido por outra mulher.
Embalado nas ilusões ele não titubearia em abandonar a casa e tudo o que construíram com sacrifício e amor. Era como se o teto de sua casa desabasse sobre sua cabeça.
Imaginava que Zé Moreno não poderia deixar um verdadeiro amor por uma simples aventura. Amores ilusórios do corpo. Rosa passou as mãos pela rosto, numa tentativa de limpar as lágrimas.
O que fazer de sua vida, agora ele era tudo para ela. Era o homem que lhe mostrou-lhe carinho a alegria de viver e a paz.
Ela nada fazia sem antes lhe perguntar . Tinha que ter sua opinião para tudo. Trabalharam e economizaram juntos, melhorando de vida. Com muito trabalho, compraram até um carro e roupas melhores para terem uma boa aparência em seus passeios.
Rosa continuava atormentada, desesperada, sem rumo, sem ver e sentir as coisas. De companheira apenas a sua dor, que muito lhe atormentava.
Ela não percebera o desinteresse de Zé nos últimos tempos. Não percebera que ele tinha outra mulher. Ele sempre dizia que tinha trabalho fora de casa, e ela acreditava piamente nele, sempre acreditou. Sentia-se humilhada.
Que valera tanta renúncia? Olha-se agora no espelho; a mulher que vê está longe de ser a Rosa que ela fora, ou que ainda imaginava que fosse.
Rosa resolveu sair e caminhar um pouco. Sentia-se sufocada em sua casa. A brisa em seu rosto aliviava um pouco a dor, a decepção, seu fracasso. As lágrimas descendo pelo rosto, obscurecendo sua visão; e ele, Zé Moreno, divertindo-se em festas, bebendo, namorando, enquanto ela se esquecera de si, na busca de fazê-lo feliz.
Fez todas as suas vontades; Como pode ser tão ingrato? Ele mudou. Rosa fora pega de surpresa, a dor da desilusão tomou conta de seu ser, seus sonhos estavam morrendo lentamente. Por amor e paixão, sua mocidade definhava dia após dia.
Zé moreno saía todas as noites para a cidade, e somente retornava às altas horas da madrugada. Com isto, nem percebia que sua amada estava morrendo aos poucos.
Rosa era, agora, uma mulher amadurecida, mas continuava com seus belos traços. No entanto, para si, seu mundo desabara. Rosa não se conformava com o que estava ocorrendo.
Calada, tendo o silêncio como companheira, esperava que ele se esclarecesse, e explicasse, por que mudou tanto, onde estava falhando, ou onde eles falharam. Queria algum motivo e uma resposta. Nada! Meses e meses se passaram, a ansiedade torturando-a.
Já não suportava tanta tristeza e já não tinha mais lágrimas. A vida ignora nossos desacertos e vai, lentamente, revelando fatos muito diferentes do que havíamos imaginado.
Ela recordava os sonhos, as lembranças, os momentos bons do passado, que, certamente, estavam guardados dentro de seu coração. Confiava, esperava, tinha esperança que tudo passasse e terminasse bem. Um pesadelo apenas.
O tempo foi passando e a cada dia ficava pior. As esperanças foram morrendo e um dia ela adoeceu. Seu coração e seu corpo, enfraquecidos pela paixão, definhavam.
Certa feita, chegando em casa, Zé Moreno encontra Rosa caída, desfalecida. Ele fica preocupado mas sem saber o que fazer. Em vez de levá-la a um hospital, levou-a a um terreiro de umbanda.
Ele desconhecia que ela apenas queria amor, um beijo, um abraço, uma palavra de carinho e uma explicação qualquer. Aquilo seria o seu grande remédio. Porém, nada disso aconteceu.
Passaram-se, assim, dias e dias, e Rosa, sozinha, sem que seus familiares soubessem do que estava acontecendo com ela. Quando retornou a si, abrindo, então, os olhos, perguntou. ___Onde estou? Reza, silenciosamente. O destino é cruel e a cada dia Rosa está pior. Já não tem consciência de nada. O vento sopra forte. A noite está escura. Escuro, também, está o coração de Rosa. Suas palavras, quase em sussurro, expressam uma prece: “Senhor, tenha misericórdia, sofro, amei, e só recebi fingimentos e hipocrisia”. Chorava como uma criança. Perdera todas as suas ilusões.
Sozinha com seu passado e perdida em seus sonhos, recordações e dor. Sente que está no fim, tudo acabou, sua hora estava próxima.
Sente um grande frio, uma suave música, uma luz muito forte, pensa em seu amor e não percebe que sua querida mãe está ao seu lado, pegando suas mãos e chamando-a: “Vamos, filha, eu sou sua mãe. Vamos!”

Assim, ela partiu para outras esferas da existência__ ela acreditava em outras vidas__ . Partira tranqüila e com o coração apaixonado, deixando seu corpo inerte, sem vida em um colchão jogado ao chão.
O dia amanheceu e alguém encontrou apenas o que restou, um corpo. Surpresa para todos daquele lugar. Apavorados, procuraram Zé Moreno, que até então se encontrava na boêmia, entre bebidas e mulheres.
Há dias Zé Moreno estava ausente, esquecera sua esposa, Rosa, sozinha e abandonada em casa. As irmãs de Rosa, embora residindo a poucos quilômetros dali, nada sabiam.
Então, como um bom ator, ele resolve telefonar para a irmã mais jovem de Rosa, que morava a quarenta quilômetros de onde eles estavam, avisando que ela falecera pela manhã.
Depois ele telefona para uma amiga da irmã de Rosa, pedindo para avisar sua outra irmã Enir. Essa amiga muitas abalada pensa consigo, como falar?
Caminha até a residência da Enir, o coração batendo forte, acelerado. Tinha que ser forte, e ter muita serenidade para transmitir uma notícia tão trágica .
Abraça a irmã de Rosa, como sempre fazia, segura-a pelos braços__ sente naquele momento, um perfume de rosas exalando pela casa__ enche-se de coragem, e diz “acabo de receber um telefonema de seu cunhado, Zé Moreno, pedindo-me para avisá-la que sua irmã Rosa faleceu.
“Mas, como? O que aconteceu?”, indagou aflita Enir. A amiga nada podia dizer, pois nada sabia acerca da morte de Rosa.
Desespero total, prantos e a triste missão de comunicar a todos da família. Sua irmã, tão jovem e tão cheia de vida! Quando as irmãs chegaram tomaram conhecimento de tudo. A atitude do cunhado deixou-as revoltadas.
Choque total, revolta. Fica a pergunta, como? Por que, se tudo era paixão, amor. Se o amor representa o instante absoluto de nosso encontro com a vida.
Toda a existência nos conduz a este momento sagrado, sutil e revelador. Zé Moreno entre soluços, desesperado, esforçava-se para se controlar. Foi tão egoísta, pensando só em si.
Tentou orar, buscando se redimir de todos os erros do passados. Fecha os olhos e, silencioso, pede perdão a Deus.
Com o coração descompassado, levanta-se de sua cadeira, a boca seca, os olhos lacrimosos, ansiosos.
Não queria pensar, nem acreditar no que acontecera.
De repente, saiu correndo porta fora; procurou o primeiro bar aberto e se afundou na bebida.
Hoje ele é um ébrio caído nas sarjetas da vida, abandonado por todos; um pobre coitado chamando por sua amada.



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