AMOR, AMAR, VIVER O AMOR...
Amar todos amam. Amam o sol, o mar, o céu, a natureza, os animais, e as pessoas. Amar é um conjunto de sentimentos tristes e alegres. Para se amar basta que se tenha esses dois sentimentos. Quem se alegra é feliz. Quem vive feliz ama. Quando se ama, se ama alguma coisa. Quando se ama alguma coisa, dividimos com alguém. Quem divide alguma coisa com alguém, ama esse alguém. Quando dividimos, reconhecemos, cedemos, doamos, perdoamos, recebemos, brigamos, reconciliamos, perdemos o que ganhamos e ganhamos o que perdemos. Quando perdemos temos saudade. Quando ganhamos, temos felicidade. O amor não tem fronteiras. É finito e infinito. No amor cabe lágrimas e sorrisos, luz e escuridão, passado, presente e futuro. Ama o pobre, o rico, o feio, o bonito, o deficiente e o atleta. Muitos amam a solidão. Outros amam a multidão. Amor é carinho, carícia, afeto, generosidade, desejo e inspiração.
Muitos no entanto passam pelo amor e não sentem que amaram. Não descobriram enquanto amavam e não se lembram que amaram. Esse sentimento chamamos de Paixão. O amor é tão forte e tão rápido, que, quando passa deixa apenas as cicatrizes como nas cirurgias. A paixão é a anestesia, sabemos que passamos por ela mas não nos lembramos de nada que aconteceu. As cicatrizes, as vezes, deixam um sentimento de ódio e este não é sano e não ajuda em nada.
Outros vivem a ilusão do amor. Pode durar um mês, um ano, a vida toda, até que descobre a ilusão vivida. A ilusão do amor é encontrada em pessoas que olharam apenas para alguns aspectos do amor, tais como a beleza, a jovialidade, a natureza, o mar, o sol, a lua e tudo que é material. Foram esquecidos a perda, a saudade, a dificuldade, a pena, a compaixão, a compreensão e o perdão. Quando a primeira infelicidade desponta, o castelo do amor desmorona com a fragilidade das bases que foi edificada. O final da ilusão do amor normalmente transforma as pessoas em descrentes, frias e revoltadas. Aqueles que viveram a ilusão do amor, têm muitas chances de por fim VIVER O AMOR. Para isso, é necessário que volte a acreditar e se libertem da revolta. Só assim poderão finalmente VIVER O AMOR.
VIVER O AMOR, é a sublimação do sentimento. É ter ao mesmo tempo o céu, o mar, a tristeza, a alegria, o afeto, o desejo, a dificuldade, a felicidade, a compreensão, a doação, tudo dividido nas horas certas e incertas. Por um minuto ou pelo resto da vida. Um gesto, um aceno, um sorriso, uma carícia, podem significar VIVER O AMOR de uma vida para aquele que foi mal amado a vida toda. Para alguns, VIVER UM MOMENTO DE AMOR, significa recuperar o amor perdido a vida toda. Ninguém, no entanto, jamais VIVERÁ O AMOR, se não viver primeiro a ilusão do amor e a paixão. Se não conhecermos o gosto amargo da infelicidade, jamais poderemos saborear o manjar da felicidade. A partida sem volta dos que VIVERAM O AMOR, deixa lágrimas que regarão para sempre a grande fonte do amor: A SAUDADE. Enquanto for vivo, procure VIVER O AMOR. Por um segundo ao menos, e garantirá a saudade por todo tempo em que viver. Muitos esperam a vida inteira para VIVER O AMOR e quando a oportunidade aparece, desperdiçam por achar que é por pouco tempo ou por não ser a perfeição física que desejava.- Certa vez, um colega meu de faculdade teve sua noiva acidentada. O laudo médico foi cruel e avassalador: Ela dificilmente viverá. Se isso ocorrer, quando sair do coma, terá apenas movimentos acima do pescoço. Sabe o que o meu colega disse?- Quero-a viva, só para olhá-la e acariciar os seus cabelos o resto de minha vida. Naquele momento ele VIVEU O AMOR. Só por duas horas, mas viveu.
Mauro de Oliveira
16.08.93
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