Estes versos foram feitos nos meus tempos de estudante. Foram compostos para a aula de Português como exemplo de soneto clássico. Quantos de vocês, jovens estudantes de Português, são capazes de compor um soneto clássico?
Lembram-se? Verso decassílabo, duas quadras e dois tercetos, rima ABBA-ABBA-CDC-CDC (ou esquema semelhante, nos tercetos).
Ou será que este tipo de poema perdeu todo o interesse e é realmente passé como me dizia há pouco uma amiga.
O VELHO E A MORTE
Vinha um velho do campo, carregado
De vides secas para acender o lume.
Tropeça o bom do velho num tapume
E cai-lhe o feixe dentro dum valado.
Atira-se ele ao feixe, mas coitado,
Não o consegue erguer, e, num queixume
De frustração enorme e de azedume,
Pede à morte que o leve descansado.
A morte, que o seguia já de perto,
Debruça-se sobre ele e, sem demora,
Tenta envolvê-lo num abraço certo.
Arrepia-se o velho e, num assombro,
Esquiva-se ao braço e diz: –Senhora,
Chamei-a pra me pôr o feixe ao ombro. |