Fuga
Ó dono de mim, mando-te um recado:
Pus-te de lado.
Nem amor nem desamor.
Dei adeus à dor.
Inverti a situação, enquanto sumia,
tranquei-a na jaula que me prendia.
Pus meu coração a sorrir.
Deixei-te entregue à sorte ou à morte.
Reinventei a vida, tornei-a apetecida.
O passado enterrei no quintal.
Fiz um buraco bem fundo, que fique aí,
ou siga para outro mundo.
Podes crer, já te esqueci.
Nem me lembro de ti.
O que faço aqui?
Em nenhum livro li.
Gostavas tanto de me ver sofrer que se
te contar vou deixar teu coração a doer.
Louco, alucinado, em me fazeres sofrer tão
ocupado.
Há! Se soubesses como vivo agora.
O sabor que tem a vida lá fora.
É calma na alma!
É um suave torpor!
É a cor do amor!
Lita Moniz
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