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Contos-->Ashtar - Primeiro contato -- 14/01/2009 - 14:33 (luiz Henrique Vieira de Melo Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Esse conto é baseado em fatos reias e científicos.
Registrado na Biblioteca Nacional no EDA/ Escritório de direitos autorais.


Eram três pontos negros e distantes, perdidos em meio à selva, engolidos pela floresta. Lá de cima, eu podia enxergar milhares de pequenos pontos escuros caminhando enfileirados, saindo e entrando de estranhas pirâmides. Misteriosos objetos metálicos sobrevoavam a área refletindo a luz do sol. Uns tinham formas de discos, outros, de pequenos charutos, se agrupando às dezenas e neles havia símbolos desconhecidos como emblemas ou escudos.

As nuvens passavam por mim, claras e reluzentes, tinha a sensação de que estava voando, mas parecia que estava dentro de alguma coisa que se movia acima das nuvens, como um avião. Um forte clarão explode diante de meus olhos e de repente acordo da densa escuridão que asfixiava meu sono, e, num súbito despertar, respiro fundo e me vejo jogado de volta as sombras do quarto.

Uma luz fria e mórbida deslizava pelos vidros da janela, branca e azulada, triste e vazia, deslizava por entre as sombras pairando por uma névoa quase imperceptível de angustia e solidão que tomava o quarto. O ventilador girava de um lado para o outro com seu hálito gelado e seu gemido metálico e o lençol frio envolvia meu corpo. Esfrego minhas mãos no rosto para ter certeza de que estou mesmo ali, porém sei que não adianta, a realidade é só uma ilusão e só se torna um sonho depois que despertamos para ela, só assim nos damos conta da ilusão, mas desse sonho não consigo despertar para tentar vencer a ilusão e a agonia corrói minha alma. Levanto-me rapidamente e meus pés tocam o chão gelado. Pequenos vultos correm pelos cantos do quarto, escaparam de minha mente enquanto dormia, mas aos poucos retornam um a um ao festival de egos do meu ser. Demônios vermelhos esgueirando-se em minha alma, sugando minha sanidade ou o que resta dela.

Meus pensamentos se perdem nessa luz mórbida que toca o piso frio, procuro uma razão, procuro por algo que me motive a levantar da cama. Tenho que ir para o meu emprego, exercer meu trabalho mecânico como uma maldita máquina. O barulho da chuva no telhado parece uma canção antiga de ninar que carrega lembranças e rostos que se perderam no passado, um passado muito mais distante do que consigo me lembrar. Ergo o meu corpo, caminho em direção à porta e desapareço por entre às sombras....

....As gostas de chuva escorrem pelas janelas de vidro do ônibus vermelho, desde manhã a chuva cai fria e melancólica sobre a cidade de Olinda. O ônibus balançava enquanto a estrada negra de asfalto corria na janela distorcida pela chuva, estava quase vazio, já era aproximadamente 20h, tinha esperado mais de cinco ônibus até pegar um razoável, essa linha é sempre muito cheia e parece mais o expresso do inferno.

A sexta-feira estava quase no fim. O gigante de metal rubro encosta na calçada e ele desce lentamente por dentro da noite. A garoa insistia em cair levada pela brisa gélida e tocava seu rosto pálido e sombrio. Sua jaqueta preta de couro sintético tremulava a cada passo e seus olhos escuros percorreram a escuridão até encontrar a estrada perdida que levava a sua casa, os paralelepípedos azuis reluziam molhados e ele caminhou por entre as sombras até sua fortaleza de solidão.
O portão estava gelado, seus dedos deslizaram no trinco molhado, o ranger ecoou por entres as folhas e vultos e ele adentrou através do jardim negro de sua casa.

As chaves se agitaram na sua mão e o barulho metálico perturbou o silencio da sala escura. Em passos firmes e silenciosos ele adentra a casa, joga as chaves em cima da mesa e passa pela sala, suas mãos percorrem a parede até pressionarem o interruptor, a lâmpada florescente pisca vacilante até iluminar a sala fria, as sombras se escondem por trás dos móveis empurradas pela luz, ele caminha até a cozinha e a luz da geladeira ilumina sua face cansada enquanto ele toma um gole de café gelado, sobras do café da manhã. Calmamente ele retira sua jaqueta e a joga em um encosto de cadeira, caminha de volta para sala, deita-se no sofá e se entrega ao cansaço, aos poucos sua mente entorpecida pelo peso da matéria se esvai no mundo das idéias, perdendo-se em seus pensamentos e o abismo do mundo dos sonhos se abre engolindo sua consciência, transportando-o para outra realidade. Ele adormece....

....Um escuro denso e frio o apertava e sufocava, sussurros estranhos e desordenados, misturados, bagunçados, ele se vira rapidamente, estavam atrás, bruscamente se vira para esquerda, estavam ali, agora à direita, de repente em todos os lugares, sussurros quase imperceptíveis, aumentando pouco a pouco, lentamente o cercando, aumentando suavemente, vozes se misturam aos estranhos sussurros, eles aumentam e em poucos segundos são milhares de vozes num estranho dialeto incompreensível. De repente, uma luz frígida e morta, verde incandescente, surge das sombras piscando aleatoriamente, revelando estranhos vultos na escuridão, pequenos, médios, grandes, amontoados uns sobre os outros, como se disputassem espaço, como se reunissem numa orgia de sombras e destruição. Os sussurros aumentam, um som intenso, como um enxame de abelhas zunindo incessantemente, vozes se misturam no meio deles, um dialeto estranho, uma língua que ele nunca ouvira antes, o barulho fica insuportável e ele cai de joelhos tapando os ouvidos, mas as vozes estão dentro de sua cabeça, corroendo sua mente, tentando penetrar sua alma e sua vontade. A luz esverdeada piscante revela as figuras escondidas nas trevas, seres humanóides, bípedes, braços e membros alongados, negros, seus olhos, verdes incandescentes como a luz, reluziam nas sombras, olhos como os de répteis num pântano escuro, tinham garras e dentes afiados, em poucos instantes cercaram-no e tentaram traga-lo para o inferno de onde vinham. Um som eletrônico dispara no ar e a luz que escorria pela janela dá lugar ao sussurro estranho, a escuridão do quarto parecia mais clara, o ar mais leve, ele levanta de súbito, sentando na cama procurando os vultos estranhos, os sussurros ainda ressoavam em sua cabeça, as luzes coloridas do celular piscavam em meio ao barulho do toque, sua mão tateia até desligar o aparelho.

De pé, ele vagueia na penumbra. Seus olhos percorrem a escuridão, um estranho sorriso se abre em sua face impassível.

- Será que estou ficando louco?

Mas ali nas sombras da sua sala, eles ainda sussurravam, eles ainda o espreitavam...
Sem pressa, ele atravessa a sala escura em direção ao jardim, a porta range ao abrir e a brisa sopra contra seu rosto triste, o céu já estava estrelado, pequenos pontos frios e cintilantes perdidos no espaço, espalhados no véu da noite. Seus olhos vagueiam na atmosfera azul marinho, uma saudade antiga permeia sua alma, saudade de outras eras, saudades de pessoas, amigos, dos quais nem se lembra.

- O quê?, O que é que ainda não enxerguei? O que está faltando entender, o que devo buscar, qual é a pergunta que ainda não fiz? Deus, universo, alguém? Me ajude!!

A brisa fria e triste sopra agitando as folhas do jardim sombrio, as cores vivas e vibrantes das flores agora caem esmaecidas na escuridão, vultos estranhos e perdidos vagam por entre as sombras do jardim, mas três vultos se destacam entre eles, três figuras sombrias de pouco mais de 2m e meio o observavam.

O brilho ofuscante do monitor deitava-se sobre a penumbra do quarto, iluminando sua face inquieta, o som das teclas se perdia no vazio do silêncio, a escuridão e a luz se abraçavam agoniadas tentando coexistir, e ele estava ali no meio, eclipsado, angustiado, a realidade o perturbava, sua existência incompleta era a busca de sua vida, sua alma inquieta presa no carbono tentava se libertar, eles estavam sempre ali, obsediando-o, das sombras, da luz, às vezes se revelavam através de vultos, de nuances na escuridão, amigos de outras eras, inimigos de outras vidas, lembranças perdidas de um outro mundo, encerrado em sua alma, perdido na ilusão de uma existência transitória, a alma de um guerreiro aprisionada no corpo de um desenhista, seu nome: William Cordeiro....

.... Seus olhos negros refletiam a luz mórbida de néon do monitor, realçavam sua face sombria e impassível, sua pele parda empalidecia com o gelo da luz, sua mãos dedilhavam o teclado, seu corpo de 1,83cm e pouco mais de 90 kg, sentado na cadeira se curvava diante do computador, um corpo castigado e fortalecido pelo treino, pela busca da força e da resistência, sua mão esquerda corre por entre seus cabelos negros ondulados, o cansaço já toma conta de seu corpo naquele final de tarde do sábado.

Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Vc ta ai? (Vc: abreviação de você, linguagem usada na internet)

Kal-El (Jorge ) disse:
- To sim!!!!

Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Me dê mais detalhes do seu sonho! Como sabe que eram pirâmides? E não apenas montanhas? E por que acha q eram pessoas e não animais?

Kal-El (Jorge) disse:
- Eu não sei!

Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Tb tive uns sonhos estranhos uma noite dessas, só que não me lembro de nada!!

Kal-El (Jorge) disse:
- Só estou te contando isso por que sei que você pesquisa muito sobre ufologia e coisa estranhas, e queria uma opinião, o sonho foi real demais!!


Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Ok, vou ver o que posso fazer! E sobre os símbolos que vc viu, pode me dar algum detalhe?

Kal-El (Jorge) disse:
- Certo, fiz uns esboços aqui, vou te enviar por e-mail, só um segundo!

Alguns instantes, Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Ok, recebi, espera!!

Rapidamente William abre a figura no seu monitor, e estremece ao lembrar que já havia visto o símbolo em algum lugar.

Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Jorge, eu tenho uns símbolos aqui no PC, dentro de um artigo que peguei na rede, e tenho quase certeza que já vi seu símbolo!!! Vou pesquisar e entro em contato!

Kal-El (Jorge) disse:
- OK, valeu!!

Mr. Anderson (William Cordeiro) disse:
- Até logo!

A cadeira desliza para longe do computador, seus olhos vagueiam na escuridão em direção a cama. A luz entrava por uma janela do quarto, quase imperceptível, seu corpo cai sobre o colchão, as idéias formigam em sua cabeça, pensamentos desordenados procuram vazão, seu corpo adormece embalado pela canção silenciosa das sombras, num instante no quarto, no outro, perdido em seus pensamentos. De repente, um frio intenso e desolador, o barulho de explosões e uma gritaria ensurdecedora, estranhos vultos de luz o cercam, pedaços de metal reluzentes de forma humanóide, ao redor deles vultos negros e distorcidos com um brilho esverdeado gritavam e se amontoavam tentando alcança-lo, agonia e dor preenchiam o ar, caído sobre um joelho, apoiado sobre sua mão direita, um vento forte soprava sobre ele, quase o arremessando do chão, de repente um grande vulto de luz paira sobre sua cabeça, ele se volta para cima e uma grande explosão de luz se debate sobre ele.
Arremessado de volta ao quarto, ele acorda agoniado, mão na testa, virando-se e deitando na beirada da cama, uma vista no monitor, suas mãos percorrem o lençol macio, sentado na beira da cama sua mão direita percorre seus cabelos.
- Que loucura, isso foi só um sonho?!
Seu corpo deita-se novamente, sua mente confusa.
- Foi tão real, mais real do que das outras vezes!

Dois dias depois, segunda-feira, 16:04, beira mar de casa caiada, Jorge e William conversavam sentados no banco de concreto que corria toda a orla.

- ...Segundo pesquisas que li, vários símbolos, incluindo aquele que você desenhou, exatamente igual, estão relacionados a diversos testemunhos de aparições de Óvnis.

- E o que significa?

- Eu não encontrei nada sobre seus significados!

- Quer dizer então, que não foi apenas um sonho?

- Pode ser uma série de coisas, pode ser apenas coincidência, você pode ter visto isso em algum lugar e sua mente projetou num sonho!

- Achei que você acreditasse nessas coisas!

- Eu acredito!! Pessoalmente acredito, mas para poder provar se é real ou não eu tenho que duvidar, até que não restem mais dúvidas e só sobrar a verdade! Até lá temos que considerar tudo! Eu quero acreditar, mas não posso ser ingênuo ou me deixar levar pelas emoções!
- No que você acredita??
William sorri.

- Minhas crenças vão bem além do que é possível ou dito possível pela maioria das pessoas!

- Eu não sou como a maioria, você sabe!

- Acredito que alguns desses seres estão envolvidos na evolução humana, na criação da vida na terra!

- Como assim?

- Somos descendentes deles!!

- Sério???

- E ainda vou além! Acredito que a estória de Lúcifer na Bíblia é chave importante para grande parte de nossas respostas!

- Espera aí!! Agora você misturou tudo, religião e ufologia?? A Bíblia? Pelo amor de Deus! Aquilo é um livro de contos de fada!!

- Concordo que a Bíblia foi deturpada ao longo de sua existência e que não podemos levá-la ao pé da letra, pois ela é um livro de analogias, um livro de códigos e alegorias, mas não podemos descartá-la de vez. E uma coisa digo a você: a humanidade só vai evoluir quando a ciência, a religião e a espiritualidade andarem juntas numa só filosofia!! A partir daí vamos parar de matar uns aos outros e destruir a vida e poderemos ser mais do que simples homens!

- E seremos o quê?

William olha firmemente para seu amigo, de forma impassível e profere:

- Deuses, seremos deuses!

- Deuses? Como assim?? Que viagem é essa??

- Presta atenção!! Há muito tempo um sábio homem falou: “A fé move montanhas”

- Certo, eu sei, Jesus! E daí? Isso é dentro da Bíblia, não vale como prova!

- Calminha aí!! Hoje eu sei, meu caro amigo, que Jesus falava de Física Quântica, umas das teorias mais importantes para mim, da física quântica, diz o seguinte: “O pensamento é energia e pode influenciar a matéria” , era disso que Jesus falava, ele sabia!

- Não entendi bem essa do pensamento!

- Tudo ao nosso redor é energia. Nós mesmos somos feitos de energia. E o pensamento pode influenciar tudo. Imagine estar com uma doença terminal, tudo que precisaria era pensar que está curado, e pronto! E digo mais, você poderia voar, parar uma bala com a mente, ser indestrutível, ser um deus!

- Agora você pegou pesado, não está exagerando? Como o pensamento pode fazer tudo isso?

- Já ouviu falar: conhece-te a ti mesmo, e conhecerá os deuses e o Universo?

- Não!!! O que quer dizer?

- Sócrates nos ensinou que antes de conhecer aos deuses nós deveríamos conhecer a nós mesmos, e, quem seriam esses deuses?? Já ouviu falar de Erich Von Däniken? Ele é mais conhecido por suas pesquisas e livros sobre uma suposta influência extraterrestre na nossa cultura, desde os tempos da pré-história, ele escreveu em 1966 o livro: “Eram os deuses Astronautas?” ele acreditava que os deuses, venerados e adorados pelas extintas e antigas culturas eram na verdade seres de outros planetas.

- Ta embaralhando tudo na minha cabeça!!

- Você não vê?? A fé que Jesus falava, já é provada hoje cientificamente, ela vem a partir do pensamento, conhece a ti mesmo, é conhecer seu interior, sua força interior! O pensamento é energia! E de onde vem o pensamento, senão de dentro de nós mesmos?? Você vê? Sócrates, Jesus e a física quântica falam da mesma coisa!

- Sabe o que é mais assustador nisso tudo??

- O que é?

- É que para mim até que há certo sentido nisso tudo!!

Uma nuvem cinzenta e sombria pairava sobre o horizonte, uma forte ventania começou a soprar.

- Acho melhor irmos! Antes que caia essa chuva!

- Vamos nessa!

Os dois caminham de volta para casa.

Horas depois William estava deitado em sua cama. 01:15 da madrugada e o sono suavemente começava a envolvê-lo, pensamentos e lembranças o atormentavam, o distraiam enquanto era levado para longe dali, e levemente atordoado, sua mente entorpecida absorve a realidade. De repente é arrebatado por uma estranha sensação, um suave véu de melancolia envolve sua alma, o clamor de milhões de almas, suas tristezas e agonias, seus medos e angustias o dilaceram de dentro para fora despedaçando seu espírito, lembranças de várias existências atormentam sua mente. Ele desperta num lugar estranho, não havia luz, mas estava claro, era um imenso deserto de asfalto, plano e cinza, sem começo nem fim, ele estava exatamente sobre o que parecia ser uma listra desenhada no chão, destacando-se do tom acinzentado do resto da planície. Eram como ramificações e corriam todo o lugar, enraizadas em diversas terminações, como a que ele estava, começavam finas e arredondadas e abriam-se levemente até encontrarem-se na raiz, que bem longe, ao fundo, num horizonte azul acinzentado e esmaecido revelavam uma estranha, futurística e iluminada cidade. Calmamente começa a caminhar pela trilha e avista ao longe, na próxima terminação, um vulto, uma outra pessoa de pé, arrisca alguns passos em direção a ela. Sorrateiramente a penumbra dá lugar a feições e um rosto se forma.

- Jorge!?
- William?! Meu Deus!!!

Jorge corre em direção a seu amigo.

- Que diabos de lugar é esse Jorge!?
- Como é que vou saber?

E logo, mais pessoas vão surgindo nas infindáveis terminações, uma a uma se amontoam atordoadas e surpresas tentando entender o significado de tudo.

- Só podemos estar dormindo!
- Não! - William estava com uma feição sombria e triste, seu semblante estava pesado e vazio – Já estivemos aqui antes, não consegue sentir? – Ele questiona seu amigo enquanto seus olhos vagueiam na estranha realidade.
- Do que você está falando? Você está bem?
- Não vamos descobrir nada parados aqui!

William aponta com a cabeça para a linha do horizonte, onde a estranha e fantástica cidade pulsava iluminada.

- Você quer ir até lá? - Jorge olha desconfiado, apreensivo, e o dois fitam a cidade por uns instantes.

- Você tem uma idéia melhor!?

Rapidamente os dois caminham em direção a estranha cidade, algumas pessoas olham para eles e começam a segui-los, e, aos poucos, uma pequena multidão se amontoa em direção ao horizonte. Nesse exato momento, algo diferente acontece.

- William??

Ele olha rapidamente para o amigo, algo estranho cobria todo seu corpo, ele para assustado e olha para si, a mesma coisa o envolvia, uma estranha e reluzente malha de metal prateada, leve e maleável e ao mesmo tempo densa e rígida, envolvia todo o seu corpo dos pés ao pescoço.

- Mas o que é isso?

Ele se volta ao seu redor e todos os outros estão com a estranha roupa, logo em seguida um grande clarão de luz os envolve a todos.

Muitos gritos e explosões, o ranger de metais, disparos de raios elétricos, rosnados monstruosos, gritos de fúria e medo, um estranho lugar sombrio e obscuro, uma névoa negra e densa pairava no ar seco. Uma estranha floresta de pedras, enegrecida e maldita, abraçada por vultos e sombras, sua terra morta e escura embebida em sangue e trevas de séculos de batalhas esquecidas na escuridão. Restos de lembranças e almas carregavam a atmosfera. Havia várias dessas pessoas prateadas lutando contra bizarras e deformadas criaturas demoníacas, estranhos seres monstruosos, parte humanos em sua constituição física, mas extremamente selvagens e cruéis.

- Jorge? – grita William a procura de seu amigo!

- Estou aqui atrás de você!!

William se volta para trás! – o que está acontecendo? Que lugar é esse?

- Eu não sei, não estou entendendo nada, acho que vamos acordar a qualquer momento!

- Temos que sair daqui!! – Nesse instante William ouve em seu interior uma voz. “Lembre-se”

- Você ouviu isso J?

- Ouvi o quê?

- Agora eu lembro, já estivemos mesmo aqui antes – William ajoelha-se e toca a areia enegrecida. A áurea triste do planeta irradiava dos pequenos grãos, sorrisos felizes e desejos de felicidade ecoaram das lembranças fragmentadas ao seu redor. De repente, eclipsados por uma imensa sombra de ódio e desilusão, suas almas foram dilaceradas pela escuridão, arrancadas de suas vidas e jogadas no esquecimento, foram seduzidas pela ilusão e perderam sua essência. A luz esmaeceu até tornar-se treva e seu sangue enegreceu até congelar suas almas no vazio abismo de pedra, o planeta tornou-se uma imensa cripta, um jazigo de almas e lembranças. O jovem guerreiro da luz caiu nas sensações e sua alma se tornou parte daquele passado entranhado na alma do planeta, embaixo do viso de cristal seus olhos encheram-se de lágrimas e elas deslizaram sobre sua face entristecida, e ele viu a floresta de luz e vida, antes viva e intensa do passado misturar-se com destruição de sonhos e fundir-se a escuridão do presente. Pequenos vultos de luz ainda corriam cintilantes em meio ao campo de batalha, sorrisos perdidos, arrancados de pequenas faces inocentes, abraçados pela face da morte seus corpos transmutaram tornando-se prisões de suas mentes e desejos, escravos da desilusão e do desespero, distorcidos se perderam dentro de si, esperando pela luz que um dia voltaria para eles e os libertaria Ali de joelhos William sentiu toda a tristeza de um povo esquecido na escuridão e sua alma se fragmentou com tanta tristeza e seu corpo estremeceu com a dor, ele quase cai mas é amparado por sombras e lembranças que o encaram nos olhos.

Nesse exato momento William sente o tempo e a realidade pararem. O barulho diminui. As camadas da realidade retrocedem no espaço e no tempo, seus sentidos se aguçam, ele se vira para esquerda e uma das estranhas criaturas arremessa uma espécie de machado contra eles em direção a Jorge. William se move em direção a Jorge a poucos centímetros dele, o machado girava distorcendo o tempo e o espaço e as ondulações se perdiam na escuridão da batalha, num impulso involuntário William coloca o antebraço na frente do rosto de Jorge e o machado ricocheteia explodindo violentamente contra a reluzente armadura de luz. Jorge e William são jogados de volta a realidade violenta da batalha e o barulho do combate explode novamente a volta deles.

- Nossa!!! Como fez isso??

- Eles não são monstros - William ainda atordoado profere angustiado, sua mente ainda transitava entre as lembranças – eles estão presos em seus corpos, estão como em um sonho, não sabem o que estão fazendo, não podemos matá-los! – nesse momento William corre para o meio de um embate poucos metros a sua frente. De braços abertos, gritando, ele impede um grupo de guerreiros de massacrar dois monstros.

- Não! Parem! Eles não sabem o que fazem!!!

Os guerreiros param assustados e William é atingido pelas costas pelos dois monstros e cai atordoado. Jorge corre atrás dele e cai ajoelhado ao seu lado, gritando.

- William, o que houve? Acorde!

Seus olhos cheios de lágrimas se perdem na escuridão e seu corpo desfalece. Ele mergulha em meio as sombras e desperta num vale de luz e vida, parado sobre a beira de um enorme lago de vidro que reflete a face de dois sois, um imenso vale verde incandescente corria por todo o horizonte e abraçava o céu azul anil, seu rosto se iluminara com o reflexo da água e sua armadura refletia o dourado da luz solar. Lentamente, uma criança de olhos azuis e cabelos negros vestindo um manto de luz flutuou sobre a grama até tocar sua mão, a ternura de seus olhos encantaram William e ele proferiu:

- Em outrora esse era nosso planeta, a vida reluzia em nossas almas, mas agora estamos presos na perdição de nossos próprios erros – a criança puxa William para baixo, ele se ajoelha – Alguns de nós conseguiram escapar e juraram voltar para libertar os outros. – a criança de luz toca a face de William e um calor terno e frágil corre seu rosto – Você precisa nos libertar!! – A criança solta suavemente a mão do guerreiro impassível e ele cai sugado pela escuridão e arremessado de volta as trevas de pedras.
Jorge gritava desesperado sacudindo-o tentando desperta-lo, de repente, seus olhos se abrem cheios de lágrimas e ele ergue-se imponente do chão.

- Precisamos matá-los!

- Mas você quase morre tentado impedir isso!!

William segura firme no ombro de Jorge e o encara - Precisamos libertá-los, esse é o único jeito! - Um raio de luz intenso e ofuscante explode da mão de William enquanto ele corre em direção a batalha, suas lágrimas se espalham no ar como pequenas estrelas reluzentes ferindo a escuridão e sua face se reflete na lamina de cristal da espada de luz em sua mão. Ele corre desesperado e se choca contra a batalha, sua espada corta o ar e a cada impacto contra as pedras negras que compõem os corpos dos seres distorcidos, sua alma se fragmenta em milhares de pedaços esvaindo-se no abismo dos sonhos perdidos e lembranças espalhadas na névoa densa e triste. Enfurecido, ele avança como um meteoro de luz por dentro da luta, gritos de dor e guerra se misturam ao estalar dos metais, durante horas ele percorre os campos enegrecidos digladiando-se contra os seres perdidos daquele lugar. A cada impacto de sua espada, as faíscas refletem as visões do passado e a tristeza se reacende em sua mente, no fundo dos olhos negros e enfurecidos das criaturas, William começa a enxergar o desespero e o sofrimento de suas almas aprisionadas, seu corpo estremece de cansaço, mas o guerreiro não hesita, as lágrimas distorcem sua visão da batalha e ele grita de dor enquanto avança descontrolado em meio aos demônios, o sangue negro e viscoso cobre o solo e logo não restam mais criaturas de pé. William observa o campo de batalha de uma lado a outro, os corpos cobriam o solo negro e eles se misturaram com a terra morta, engolidos pela escuridão, ele cai ajoelhado apoiado sobre sua espada encravada no chão. Ao longe, de relance, ele pode ver um pequeno vulto que caminha em meio aos corpos, o pequeno ser de luz perdido nas sombras pára de repente e ao longe acena para o guerreiro entristecido, William lentamente tenta erguer sua mão em direção ao garoto mas antes que o pudesse faze-lo é envolvido por uma intensa luz branca que paira sobre sua cabeça. Ela explode engolindo o campo de batalha e ele é novamente arremessado para o vazio inconsciente de sua existência ilusória.

Atordoado, a sensação da realidade ainda estava distorcida em sua mente, a percepção do real ainda escapava de seus olhos cansados, levantou da cama, ainda tonto, seu corpo dolorido e fraco, cambaleou para fora do quarto. Calmamente caminhou até a cozinha e a luz da geladeira iluminou seu rosto sombrio, não lembrava de nada, nem um vislumbre, nem um traço de lembrança em sua mente, só a estranha sensação de algo estranho acontecera A porta se fecha, a luz se apaga e a escuridão o abraça.

Continua....









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