Só males a ti se afiança,
Misantropo, surdo, quase morto...
Volto ao passado na minha lembrança.
Ah! Quem de nós não teve,
Um momento de extrema dor?
Quem nunca sentiu,
Em algum momento da vida,
Escrito em tua música o pavor,
Tingido de dissabor?
Ah! Quem ainda não se sentiu só,
Extremamente só,
Mortal infortunado,
Perdeu o endereço da esperança?
Nome escuro, como seu destino,
Escreve como um desgraçado!
Momentos de solidão,
Profunda amargura...
Um peito de vulcão,
Pediste ajuda, ganhaste pranto,
Um pobre coração!
Dias tristes, sem brilho e sem luz,
O teu pranto era celeste,
Acabrunhado pela morte de um príncipe,
Do luto que o reveste.
Teu pai alcoólatra,
Morreu na rua,
Tua mãe morreu muito cedo,
Tua doença a se agravar,
A surdez a perturbar,
A vida queria deixar...
Com um trombone,
Podias escutar,
Um caderno levava,
Para com as pessoas
Poder se comunicar...
Ninguém te entendia,
Ninguém te queria ajudar,
Retraído e isolado,
Foi por essa razão,
Que caiu em depressão.
Como filho de Deus não está esquecido,
A ajuda espiritual não tarda a chegar,
Através de uma moça cega,
Que lhe fala quase gritando:
“Eu daria tudo para enxergar uma Noite de Luar”
Emocionado até as lágrimas,
Afinal, tu podias enxergar,
Tu podias escrever tua arte nas pautas...
A vontade de viver se renova,
E tu passas a sonhar,
Com a bela “Sonata ao Luar”.
A melodia imita passos vagarosos,
De algumas pessoas levando um caixão,
O mortuário do príncipe, teu protetor...
Olhando para o céu prateado de luar,
Lembrando da moça cega a te perguntar,
O porquê da morte do mecenas tão querido,
Tu mergulhas num momento de profunda meditação.
As três notas que se repetem,
São três letras da palavra “why”?
Tudo graças àquela moça cega,
Que a vida lhe fez voltar,
Inspirou o desejo em traduzir,
Uma noite de luar...
Tua sensibilidade retratou,
Através da melodia,
A beleza de uma noite banhada
Da claridade da lua,
Para alguém que não podia ver
Com os olhos físicos,
Como é bela uma noite ao luar,
Como é bela tua música “Sonata ao Luar”.
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