És escorpiana, és mulher, és guerreira,
Lutaste conta ti e contra todos,
Hoje, venceste... Quem não te conhece,
Não sabes como tu sofreste...
Fostes mãe e pai ao mesmo tempo,
Criastes três filhos, olhai em seus olhos,
Alguém diz que não tem nada a ver contigo?
Fostes professora, agricultora, escultora,
Doutora das leis, radialista, atriz, poetisa, pintora,
Lutadora de lutas travadas, basta retroceder no passado,
Tens na memória os momentos da tua vida,
Que nem a mim e nem a ti, fizeram sorrir.
Hoje, viajas, se deixa desligar do tempo,
Esquece-te de ti, e de tudo mais por aqui.
Vai! Descansa... Nem precisa refletir,
A tua vida precisa de paz, não de pausa,
Pausa só para tuas pálpebras que se fecham,
Ao te deixar descansar, ao te deixar dormir.
Por onde anda “A mulher é um bicho”?
Ainda tens “Um olhar para o futuro!”?
Disseste às mulheres “Mulheres! Eu sobrevivi!”?
Sim eu me lembro! Eu me lembro! Ainda era pequeno
Quando te disse “Mãe, mãe tem uma cobra ali...!”
Deste uma de caçador, foi buscar a espingarda e
Descarregaste uma caixa de cartucho 12 na pobre cobra,
Eu olhei, ela olhou... Mistério! A cobra não morreu...
Só esquecemos de pensar em uma coisa...
“que um ser que nós não podemos, só é maior do que o medo que nós temos,
porque acima de todos há Deus que nós tememos”.
Chorastes! Lágrima de mãe é divina,
Tem a forma cristalina, que um dia banhou a tua face.
Ofereceste tua vida em sacrifício santo,
Que Deus poupou esse teu pranto,
E fez teus inimigos rolarem em desencanto.
Fostes advogada de um pobre demente,
Culpado sim... Tentaste fazê-lo inocente.
Tentei absorver-te a paixão que agora resume,
Tu destes uma mão que agora me afaga,
És hoje uma voz de mãe que me diz conselhos
e que ouve meus queixumes.
A ti só tenho a agradecer, a minha própria vida,
As minhas glórias queridas, os sonhos meus,
E dizendo chorando agradecido:
“Bendito seja Deus!”
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