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Poesias-->só um poema -- 12/12/2009 - 14:52 (josé paulo pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O medo



Alguma coisa estranha havia acontecido nessa pequena aldeia. As pessoas que lá moravam estavam com muito medo, verdadeira paranóia. Mal o sol se punha e as portas se fechavam. As luzes se apagavam e havia um silêncio assustador. Às vezes um candeeiro deixava sua luz tênue passar pelas frestas de uma janela, mas por muito pouco tempo. Com qualquer ruído de passos se aproximando, era logo apagado.

Não adiantava gritar, pedir, implorar. Mesmo a igreja e a casa do padre mantinham-se na mesma situação.

Fazia muito frio. As mãos e pés gelados daquela mãe, carregando uma criancinha no colo, com o narizinho escorrendo, encolhidinha, com as bochechas avermelhadas, pareciam não ter condições de sustentar o martírio daquela noite. Eram azuis e brilhantes os olhos daquela criança.

Talvez a farmácia! Mas, nada. Só latidos de cachorros, parecendo ferozes, indicando ser prudente ficar mais longe.

Teria havido uma epidemia? Um assassinato? Algum bandido muito malvado e desumano estaria solto?

A criança chorava. Até que o choro poderia, quem sabe, sensibilizar alguém. O choro aumentava, pela fome e pelo frio. O frio era intenso e, por certas horas havia um vento tornando aquilo muito pior, insuportável.

O ruído de um avião, com suas luzes piscantes era ouvido lá de cima, muito distante.

Andou até o fim de uma rua e viu um caminho estreito que levava a um sítio, uma roça. Imaginou que num sítio pudesse ser diferente. As pessoas poderiam ser mais solidárias e não terem tanto medo. Andou, andou e notou que as pernas doíam, pelo cansaço e pelo frio intenso. Apertava a criancinha nos braços para protegê-la e aproveitar um pouco do seu calor.

O ruído dos sapos dava a idéia de mais frio, pela proximidade de um brejo. Mas havia tantos sapos e seus cantos, talvez, fossem cantos de alegria.

Uma casinha pobre, de sapé e pau-a-pique, eliminava uma fumacinha pela chaminé. O silêncio era o mesmo. Percebeu que a luz de uma lamparina se apagou. Percebeu pelos buracos no pau-a-pique.

Cada vez mais achava que não iria suportar aquela noite. A criança morreria em seu colo.

Viu um curral e uma cocheira. Havia vacas deitadas. Foi se aproximando, devagarzinho. Uma ou outra se levantou. Num canto, uma vaca pintada parecia ser mansa e estar bem acomodada. Alisou sua anca, com carinho. Deito-se ao seu lado e acomodou a criança. Só temia que a vaca se levantasse, de repente, e pudesse machucá-los.

Passou a noite quentinha naquele ninho de capim e vaca.

Que bom que os animais são irracionais!

Ao clarear o dia imaginou que deveria sair novamente, procurando remédio para o filho doente. Imaginou que, à luz do dia, as pessoas voltam a ser humanas!

Que tenha boa sorte!

O Vira-Lata



Bilú era um vira-lata comum, como qualquer outro, nascido de mãe desconhecida, criado na rua, comendo migalhas e sempre alegre, disposto a um sorriso e a uma gracinha, desde que houvesse platéia.

Houve momentos, puramente ocasionais, que alteraram a vida de Bilú, podendo ser para o bem ou para o mal, dependendo da interpretação de cada um.

Um dia andava sem rumo, procurando uma sobra, quando se viu diante de uma casa bonita, parecendo ser um bom lugar para arranjar algum. Parou na porta e não vendo ninguém por perto achou que seria interessante aventurar-se para dentro daquela casa, imaginando que o terreno poderia ser fértil, e ele sairia dali com a barriga cheia.

Levou o maior susto quando um cachorrinho de madame começou a latir desbragadamente, como se houvesse uma tragédia no ar. Muito assustado tentou correr, livrando-se de maiores aborrecimentos e bateu com a pata dianteira num vaso de cristal muito rico que estava no caminho. O vaso espatifou-se com um estrondo enorme, acordando a madame que dormia o merecido sono de madame, após o almoço.

Foi um escândalo. A madame enfurecida chamou seu criado mais graduado, mandando-o, imediatamente, chamar a carrocinha para prender aquele marginal que lhe dera susto e prejuízo. A madame era esposa do prefeito, o que facilitava essa burocracia de solicitar por serviços públicos. O seu pecado era ser muito exibicionista, querendo mostrar a todos o seu poder. Isso fez com que a população da vizinhança se aproximasse para saber do acontecido. Inclusive Nhá Maria, uma velhinha isolada dos outros moradores por ser portadora de uma doença muito temida por todos, obrigando-a a um isolamento criminoso, não podendo conviver com a comunidade. Nhá Maria era portadora de Hanseníase o que provocava a ira da madame, já tendo sido tentado por ela, em nome de sua prepotência, que Nhá Maria se mudasse dali, evitando constrangimentos aos outros moradores. Dizia que sua filha mais velha não arranjava namorado porque os rapazes temiam a convivência de Nhá Maria. Naturalmente que isso era uma injustiça muito grande, pois quem visse a cara da filha mais velha correria dali, com Hanseníase ou sem ela.

O fato foi que Bilú, vendo-se acuado e não sabendo dos riscos que Nhá Maria poderia lhe causar, pulou em seu colo, aconchegando-se como um bibelô. Os cachorrinhos sabem distinguir onde são bem recebidos.

Todos ficaram parados. Ninguém falou mais nada. Ficaram por um tempo na expectativa do que aconteceria. Nhá Maria via naquilo uma maneira de vingança: ficando com Bilú e protegendo-o, mostrava que poderia ter um amigo, não precisando do deboche daquela gente chata que queria vê-la pelas costas.

As pessoas foram saindo e quando a carrocinha chegou não havia mais ninguém no lugar para contar a história.

Naquela tarde Bilú comeu uma ração como há muito tempo não via. Conseguiu um cobertor velho que lhe serviria de cama e, com não era de muitas ambições, sentiu-se um rei.

Nhá Maria, por outro lado, achou um companheiro que lhe lambia a face, pouco se importando com as deformações causadas pela doença.

Bilú se acostumou no lugar. Ficava em pé na soleira da porta de sua morada vendo o movimento da rua. Só ficava temeroso quando a madame aparecia, pois ela esbravejava, irada, dizendo que aquele cachorro promoveria esse desenlace era imundo e que deveria ser levado para a morte num canil da cidade. Seu marido, um prefeito consciencioso, um fatal. Bilú parecia provocar a madame, pois esperava que ela chegasse bem próximo de sua casa e, então, começava a latir com toda a força, escondendo-se atrás da porta. A madame ficava furiosa.

O tempo passou e as figuras do Bilú e de Nhá Maria faziam parte do contexto daquele lugar.

Um dia a madame morreu. Um velório cheio de flores, muita gente chorando, bendizendo o passado daquela mulher, uma verdadeira santa, nos comentários mais exibicionistas.

Inicialmente na porta e, mais tarde, dentro do velório, sob o caixão, era vista a cara desenxabida do Bilú, não se sabendo se triste ou comemorando alguma coisa. Acompanhou o enterro ficando sentadinho num túmulo ao lado, esperando as encomendas. Após a saída de todo mundo Bilú resolveu contar ao que veio. Ajeitou-se, como manda a ordem dos cachorros, e soltou uma solene mijada no túmulo da madame.

Ninguém viu, e não era mesmo para ser vista, aquela vingança do Bilú.

Não se sabe se a intenção era uma vingança maior ou se ele adquiriu o costume de gostar de velórios. O fato é que, desde então, em qualquer falecimento, lá estava o Bilú acompanhando o enterro até o cemitério.

E, como da primeira vez, após a saída de todos, subia no túmulo da madame e descarregava a sua solene mijada, após o que saía, feliz e debochado, cantarolando pelo caminho de sua casa, onde viveu por muitos e muitos anos, recebendo e dando carinho para Nhá Maria.

Essa foi a vingança do Bilú que parece ter aprendido a interpretar os sentimentos de Nhá Maria.









José Paulo Pereira

Um poema





Só um poema...

Ou uma rima, tão somente.

Pequeno mimo que demonstre

Cabalmente,

Quanto te amo e quanto quero

Dar-te amor.



Embora saiba

Não ser isso suficiente,

Pois muito mais eu já tentei,

Inutilmente,

Não conseguindo que notasses

Meu clamor.



Então eu sofro,

Sem tirar da minha mente

Um pensamento de que eu possa,

De repente,

Mesmo num sonho desfrutar

Do teu calor.



Paulo pereira

22/02/09

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