LIBERDADE.
Amy Higgins
Senhora douda de indizível porte,
Que nos faz rir da malfadada sorte,
Nos faz mentir para nos libertar,
Nos faz sofrer para nos ensinar,
Nos faz sorrir para nos igualar.
Senhora eterna da futura vida,
Que através dos séculos nos impõe mil provas,
E toda a sorte de víboras põe em nossos caminhos,
Para nos ferir com a limpidez de espinhos.
Ó, Liberdade! Porque tanto sofrimento?
Para alcançar-te só por um momento,
Não nesta vida, mas, depois da morte.
Tantos séculos de penúrias,
Junto aos vermes, rastejando a sós.
Mais ainda terei que pagar
Pesado tributo para te encontrar?
Só mesmo além deste mundo a verei.
Só no infinito, no eterno, no porvir.
Mas, se pelo sofrimento eu puder ver-te sorrir.
Terá valido a pena andar entre os pequenos, entre os mentirosos,
Entre os baixos, entre os vis.
Eu que sempre fui verdadeira,
Passei por vil por andar entre os pequenos.
O verme viu em mim sua própria face,
Mas, por minha culpa que o refleti.
Perdoe-me, Senhora, por que eu menti.
Sêde indulgente com quem sonha em te encontrar,
Sêde fiél a quem só quer te amar.
Eu viverei sempre a te esperar,
E sei que hei de te encontrar,
Não nesta vida,
Mas na que virá.
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