Usina de Letras
Usina de Letras
166 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Ópera Brazil -- 26/09/2005 - 09:49 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Educar é...
"... ensinar a pensar e a agir para ampliar as margens de melhorias
da saúde e do bem estar de cada indivíduo."

Em Cannes não conseguira lembrar o nome do autor daquelas palavras. Perdi-me totalmente participando de coisas inertes, as idas e vindas com a equipe às salas cinematográficas deixaram-me um pouco entediado. Existe um existencialismo burguês na França que difere do restante da Europa. Não vi isso no hemisfério norte, na África e Ásia. Se existem coisas mais interessantes que os cafés de Ravena, suas prósperas regiões do interior - com todo aquele pastoril poético e patético, diga-se de passagem - o exercício intelectual do Velho Mundo deixou-me frustrado.

Não deveria ter vindo aqui para assistir palestras, nem mostras de vídeo. Pensei num Boullevard. Também não. O pior é que não falo uma palavra em francês. Se tivesse ao menos imaginado que ganharia este concurso, teria conversado com a Myka Moujard, uma lindíssima belga que fala nove idiomas - dez com o meu - e é apaixonada por cultura brasileira. Nossa música, o sorriso do povo ( mesmo com um inciso a menos ), as particularidades regionais e, leves e inevitáveis complexos etnocêntricos, ainda me fazem ter saudades de lá. Algo interessante chamou-me atenção: a cada esquina de Paris vejo um cidadão com um livro. Aqui as pessoas lêem muito. Sartre, Proust, Diderot, eles conhecem tudo! Nas livrarias existem adaptações curiosas sobre os grandes autores de sua língua apropriada para diferentes níveis de idade. Há mais de vinte anos o governo francês vem promovendo investimentos largos na literatura. O lema era: "seja um literato. Se quiseres aprisionar a alma depois, não conseguirás, pois estará salvo". Não há possibilidades de não ler um livro na Europa até os 09 anos. É imprescindível ler nesta idade. A adolescência é um pouco conturbada em qualquer região do mundo, então, piagetianamente concordamos com a base de um intelecto sólido para a idade adulta. Seria o namoro tênue e brincalhão da infància com o reencontro audaz da sexualidade juvenil - explorada pela memória antiga e a resolução harmónica da mente pelo desejo corpóreo. Essa explicação ignora o sentimento natural, mas o que é a naturalidade em nossa educação atual?

Não há como fugir aos instintos, mas trabalhar vocacionalmente as etapas da existência seria nossa salvação no que concerne ao direcionamento do espírito humano. Portanto, faríamos tudo e não deixaríamos de ler, o que teoricamente para mim deveria ter o mesmo prazer da descoberta carnal. O mesmo êxtase ao ver o ídolo empunhar a guitarra no show de rock. Durante a mostra dos documentários vejo o novo filme de Miguel Líttin rodado na Argentina. Chama-se "Metáfora da Vida", e narra a história de um menino que nasceu na Patagónia, numa pequena vila isolada. Um dia, brincando nos arredores de uma pequena pastagem, avistou uma cabana abandonada. Não morava ninguém por ali há anos, mas havia uma estante empoeirada, quase intacta, cheia de livros antigos. O pequeno não sabia ler, mas já soletrava algumas palavras, sob ensino da mãe, que aprendera essas mesmas palavras com a avó. Depois de algumas semanas, tentou soletrar uma capa vermelha, grande e envernizada que julgou ser a sua preferida. Levou para a mãe e conseguiram ler ao bom espanhol: "Fausto, de Goethe". Riram porque acharam os nomes engraçados.

De uma poesia simples, lágrimas ecoaram pelas salas de Cannes. "Metáfora da Vida" seria inspiradora para o futuro Ministro da Educação daquele país. Encontraram o ouro no fim do arco-íris. O pequeno poderia provar a seus amigos que existiam pessoas que falavam naquilo que ele acreditava: em trolls, ogros, gnomos... estava ali! Existiam mesmo. Seu livro de cabeceira seria "Contos de Grimm". É uma pena que duas páginas faltavam no final. Haveria de encontrar as duas restantes...

Sim, eu estava convencido de que era isso que eu queria. Agora eu sabia a fórmula mágica para acordá-los. Eles ainda poderiam ser salvos. Ainda há tempo para escrever o grande livro: Ópera Brazil - a solução permanente.

- Táxi, por favor...

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui