Shalom Jerusalém - 22.Setembro.05 - 01:02
Estive em Jerusalém nas Macabíadas de 1985. Era jovem, muito jovem. Mas já carregava em mim o peso de um sentimento que parece me acompanhar desde o nascimento. Algo que parece ser genético, parece estar impregnado em minha pele. Algo que parece fazer parte de meu sangue, produzido talvez por minha medula, trazido talvez à minha vida simplesmente pelo fato de eu existir.
E carregado desse fardo visitei a cidade. Ruínas contrastantes com belos edifícios. Pobreza em desafio à riqueza.
Um turbilhão confuso de religiões antagónicas, não necessariamente se respeitando. Mas com certeza, se você souber respeitar, será respeitado. Cultura, sempre necessária.
Homens de preto barbados, Ã s vezes irados, sempre desconfiados.
Mulheres encobertas, belezas escondidas, precavidas, sofridas.
Deparei-me com o muro. Tudo o que sempre senti lá estava. Toda a sorte de lamentações. Lá me postrei, ali orei, naquele local chorei. Descarreguei toda a carga daquele sentimento chamado tristeza que sempre me acompanhou e, disfarçadamente, escrevi em um papelzinho o meu pedido para depois depositá-lo em uma das frestas do muro. Terceira fileira debaixo para cima, bem defronte à fonte.
Meu pedido? Você, que sabe exatamente quem é. Você, que sabe exatamente do que eu preciso. Você...
Shalom.
Wagner -
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