Durante vinte anos ele esperou.
Eu,
talvez,
vou completar quarenta.
Esperamos ambos,
ele vinte, eu quarenta.
Ele chegou,
eu devo e quero esperar mais,
mais quarenta talvez
para chegar.
E a espera dele não foi,
a minha não é
nem será,
apenas espera,
passiva espera,
dormindo em berço esplêndido,
aguardando a chuva do maná.
Nossa espera é ativa,
é espera de luta,
de busca,
caminhos desviados,
errados, retomados, machucados,
compensados, animados,
irmanados, frustrados e muito,
tanto e sempre procurados.
Nossa espera é só do dia
em que chegaremos à ilha.
Ítaca,
a terra prometida onde Penélope nos espera
a bordar,
fiel e apaixonada.
Minha ïtaca sou eu mesma,
minha Penélope sou eu mesma e meu bordado
é minha história que um dia,
(de novo talvez)
alguém lerá.
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