Pobre Raquel. Foi abandonada. E não sabe a razão. Se é que abandoná-la possa ser considerado algo razoável. Além de inteligente, culta e linda, Raquel é meiga, honesta, trabalhadora e pura.
Por que pessoas assim como ela sofrem? Por que pessoas assim como ela são enganadas? Talvez por causa de sua pureza. Talvez porque não consigam enxergar a maldade nas pessoas, embora saibam quais os efeitos da maldade são.
Prestes a terminar a faculdade e começar uma nova etapa em sua vida, Raquel é ansiosa. Mais do que ansiosa, Raquel é por demais comedida, o que a afasta de algumas pessoas que por muito perto querem estar. Não lhes dá a chance que elas precisam para uma aproximação. Isso causa incerteza, temor de uma não compreensão. E assim elas se vão, em vão, causando o vazio em Raquel. Helen Keller disse que ou a vida é uma aventura ousada, ou não é nada. Deveria Raquel pensar nisso.
Deveria Raquel pensar que aquela pessoa que tanto procura não está nas páginas amarelas ou em um shopping cheio de gente duvidosa. Deveria ela pensar que essa pessoa não necessariamente está em outro país, não necessariamente fala uma língua estrangeira e, muito menos tão longe está.
Talvez a tristeza não a deixe enxergar, talvez seja o medo o causador dessa cegueira. Talvez seja simplesmente o temor de outra frustração. Ou talvez seja sua razão.
Escreveu Napoleon Hill que a oportunidade frequentemente vem disfarçada sob a forma de infortúnio ou derrota temporária.
Deveria Raquel pensar nisso.