Numa favela o dia era de sol e o calor infernal. Três homens entraram num barraco pequeno, quente e úmido, arrastando um rapaz magrinho e franzino pelos braços.
Lá dentro estava o Djalmão, um negão enorme, muito suado, fedendo,cara de enjoado, palito no canto da boca, limpando as unhas com um facão de cortar coco.
Um dos homens diz:
- Djalmão, o chefe mandou você comer o cú desse cara aí...Disse que é para ele aprender a não se meter a valente com o pessoal da favela.
A vítima grita de desespero e implora por perdão, mas o Djalma apenas rosna, ignorando os lamentos do homem:
- Pode deixar ele aí no cantinho que eu cuido dele daqui a pouco.
Quando o pessoal sai o rapaz diz:
- Sr. Djalmão, por favor. Não faz isso comigo não, me deixa ir embora. Eu não digo pra ninguém que o senhor me deixou ir sem punição...
O Djalmão diz:
- Cala a boca e fica quieto aí!
Cinco minutos depois, chegam mais dois homens arrastando um outro:
- O chefe mandou você cortar as duas mãos e furar os olhos desse elemento. É para ele aprender a não tocar no dinheiro dele.
O Djalmão com voz grave:
- Deixa ele aí no cantinho que eu já resolvo.
Pouco depois chegam os mesmos homens, arrastando outro pobre coitado:
- - Djalmão, o chefe disse que é pra cortar o pau desse cara aqui, pra ele aprender a nunca mais se meter com a mulher dele. Ah! E ele falou ainda que é pra você cortar a língua e todos os dedos dele para não haver mais a possibilidade de ele bolinar nenhuma mulher da favela!
O Djalmão com voz mais grave ainda:
- Já resolvo isso. Bota ele ali no cantinho junto com os outros.
O primeiro rapaz entregue aos cuidados do Djalmão diz em voz baixa:
- Seu Djalma, com todo respeito, só pro senhor não se confundir: O do cú sou eu, ta?
CARLOS CUNHA
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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites
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