Sim, sei das noites que se deitam em teus olhos e dos teus ombros que já fraquejam. Ah, como sei...
Esqueceste, por acaso do tempo, que das tuas pegadas necessita? Sim, é preciso que deixes sinais, porque outros passos te sucederão...
Sim, sei do teu enfado, dos teus desenganos, dos teus fracassos e da impotência que te ferem a alma. Ah, como sei...
Lembro-te que há o reverso disso tudo: conquistas, acertos, sorrisos, prazer, carícias, beijo na boca...e isso tudo também te convida.
Sim, sei da dor, do silêncio incontido, quando era a palavra a única salvação. Sei do pulsar do coração comprimido, escondendo-te para não incomodar e dos olhares desviados para não ter que te encarar. Ah, como sei...
Enquanto te abandonas entre brumas, o sol não desiste de ti. Há música no ar, a despeito da tua aparente indiferença e ainda que não observes, existem estrelas a te guiarem, perfumando-te de vida.
Sim, sei do desconforto, das lágrimas e da ausência que não assimilas. Sei da agonia que escorre em tuas mãos, quando te rabiscas em poesia para sentir teu coração bater. Ah, como sei...
Devo dizer-te que ainda assim podes te redesenhar. Há traços que te sorriem em cores que não ousaste provar. E entre retas e curvas, há sempre um caminho a ser trilhado.