Usina de Letras
Usina de Letras
288 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62174 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50577)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Drummond, cem anos -- 12/12/2002 - 01:04 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DRUMMOND, CEM ANOS



Francisco Miguel de Moura*



Com uma conferência do escritor Francisco Miguel de Moura, sob o título “Drummond e o Mundo”, no dia 31.10.2002, o Museu do Piauí, o Conselho Estadual de Cultura e a Fundação Estadual de Cultura homenagearam o poeta maior do Brasil e um dos maiores do mundo. Em seguida foi lançado selo comemorativo do Centenário de Drummond, pelos Correios; dramatização do poema “O Caso do Vestido” (encenado por Laiane Holanda e Bid Lima, direção de Luciano Brandão e coordenação de Maneco Nascimento e Arimatan Martins); exposição de poemas com o título “O Gauche e o Experimentalista”, com cobertura total da TV e jornais.

Dora Medeiros, Diretora do Museu, abriu a solenidade às 10 horas, com a presença de 200 pessoas, destacando-se M. Paulo Nunes (Presidente do Conselho Estadual de Cultura, apresentador do conferencista Francisco Miguel de Moura), Celso Barros, Benjamin do Rego Monteiro Neto, R. N. Monteiro de Santana e Zózimo Tavares, acadêmicos; Ferrer Freitas, José Elias de Area Leão e Conceição Lages, Conselheiros do CEC; Des. Tomaz Campelo, Presidente da UBE-PI); Profa. Aldenora Mesquita, Presidente da FUNDEC; Acadêmico Hardi Filho (poeta) e Mestre Expedito (escultor), além de jornalistas e professores, estes conduzindo estudantes dos Colégios convidados: Municipal “Prof. Paulo Nunes”, Estadual “Liceu Piauiense” e UE “Odir Esteves Torres”.

O conferencista ressaltou as delícias da poesia de Carlos Drummond de Andrade, a começar pelos poemas “Congresso Internacional do Medo”, “Os Mortos de Sobrecasaca” e alguns curtos do livro “Lições de Coisas” (1959-1962), enunciando a brevidade dos poemas, seu humor, sua forma/fórmula – depois repetida por muitos outros poetas pelo Brasil a fora – coisa que Drummond sabiamente não quis repetir, de experiente, de criativo que era como ninguém. A seguir, resume a história do seu livro “O Amor Natural”, deixado inédito, não sem antes autorizar a utilização de 39 poemas desse poemário erótico por uma professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Lúcia Pazo Ferreira, em tese de mestrado, quando então dita professora assegura que o poeta de Itabira não caiu na tentação do pornográfico, manteve-se no limiar do erótico, do sensual, com aquela postura do humor clássico, dentro dos padrões usados por Bocage, Gregório de Matos, Bernardo Guimarães e mais alguns de cá e de Portugal. “Amor Natural” seria publicado por um familiar de Drummond, porém somente em 1992, depois da morte do autor.

Carlos Drummond de Andrade nasceu no dia 31.10.1902, em Itabira, Minas Gerais, estudou ali, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, tendo sido um aluno mais ou menos rebelde, como prova a expulsão que sofreu do Colégio dos Jesuítas, Friburgo–RJ, depois de uma discussão com o professor de português. Modesto funcionário público, nunca aceitou entrar para instituição nenhuma, nem mesmo a Academia Brasileira de Letras. Escrevia crônicas saborosas para os jornais, depois transformadas em livro, e publicou também um conjunto de belos contos. Foram muitos livros de poesia, cujos poemas eram lidos, decorados, declamados, dissecados, imitados por todo o Brasil. A época de Drummond é de ouro para a poesia brasileira – desde 1930, sua estréia, com “Alguma Poesia”, até a morte, no Rio, em 17.08.1987. Ninguém que viveu a “era drummondiana” ficou impune aos seus encantos poéticos, ao seu jeito de ser lírico e até mesmo épico. A poesia de Drummond repercute na América, países latinos, Estados Unidos e Europa. Ele merecia o Nobel de Literatura. Era uma personalidade esquisita, séria, e talvez fosse um grande tímido, mas creio que, no caso do Nobel, aceitaria o sacrifício de ir recebê-lo.

Entretanto, o ponto fulcral da conferência de Francisco Miguel de Moura foi a análise do poema “ A um hotel em demolição”, do livro “A Vida Passada a Limpo”(1954-1958), considerado um épico da maior importância. Aqui exercita todos os tipos de ritmo, várias maneiras de criar palavras e desmembrá-las, todos os tamanhos de versos e estrofes, muitas experiências metafóricas como a “lesma das memórias”, o febril reconhecimento de dedos” e o “hóspede secreto” do “grande hotel do mundo sem gerência”, de nome AVENIDA – um hotel em demolição – origem de todas as vozes, todos os lamentos, todos os ruídos e onde enxerga os mortos e os vivos, os que estão e os que se foram, como se fora um espelho reprodutor de todos os sentidos. “Como poeta, registra as emoções, está no fogo cruzado do mundo, poeta e mundo fundidos e confundidos”, eu proclamava, como resumo, no final.

___________________________

*Francisco Miguel de Moura é poeta, contista, cronista, romancista e crítico literário, com mais de 20 obras publicadas.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui