Usina de Letras
Usina de Letras
135 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62181 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140792)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->A MORTE NÃO DEIXA MARCAS -- 01/11/2009 - 21:27 (JOAQUIM FURTADO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seu Cirilo Maranhão

Saiu da Santa Teresa...

Tinha consigo a certeza

Que ia comprar feijão,

Arroz, farinha, sabão,

Azeite e outras misturas.

Montou na cavalgadura,

Tomou o rumo de Solânea,

Devagar, fazendo manha,

Madrugada ainda escura.



Chegou cedo na cidade.

Já estava armada a feira.

Andou por ela inteira,

Regateou à vontade,

Mesmo sem necessidade.

Comprou o que precisava...

Às nove horas, já estava

No banco da barbearia

E as notícias do dia

Ouvia, enquanto aguardava.



Logo chegou a sua vez –

A barba estava crescida.

O barbeiro, em sua lida,

Conversava com o freguês.

Falou-lhe do outro mês -

Do dia em que seu Cirilo

Tinha feito isso e aquilo

Com o cachorro de um senhor,

No qual, com raiva, atirou,

Quando este estava a segui-lo.



Cirilo, então, se lembrou

Do caso como ocorreu:

O cachorro lhe mordeu

E ainda continuou

A segui-lo, com furor.

Sem um pedaço de pau

Para afastar o animal

Que bastante o molestava

Sacou a arma que usava

E atirou no bicho mau.



“-Pois o dono do canino -

advertiu-lhe o barbeiro -

Disse que muito ligeiro

Vai vingar-se do assassino.

Que o seu cachorro era fino;

Animal de estimação,

Criado só com ração;

Auxiliava-o na caça

E que ao autor da desgraça

Vai matar igual ao cão”.



Cirilo ficou vexado.

Não sabia o que dizer,

Nem havia o que fazer

Para explicar ao coitado -

O dono do cão danado

Que o procurava matar...

O jeito era se cuidar

Mostrar que não tinha medo

Foi pra casa até mais cedo

Para ao outro não encontrar.



O seu sítio era pertinho.

Não ia viver fugindo...

E por onde tinha vindo,

Voltou, não mudou caminho;

Trotava devagarinho,

Quando, num ponto da estrada,

Viu uma pessoa montada

E, mesmo sem chegar perto,

Seu Cirilo estava certo

Que fizera a coisa errada.



Ao caminhar mais um pouco

Reconheceu o sujeito

Que com uma arma ao peito

O aguardava como louco.

Sentiu Cirilo um sufoco

Apalpou-se na cintura

Sentiu a coronha dura

Do revólver trinta e oito

Sacou-o num gesto afoito

E apontou-o à criatura



O outro sorriu, contente -

Tudo trazia pensado...

Não podia dar errado

O plano que tinha em mente

E desmontou calmamente,

Com a arma sempre à mão...

Nem chegou a pisar o chão,

Caiu com o corpo inteiro,

Vítima do tiro certeiro

Que Cirilo deu-lhe então.



Já livre do lambacé

Olhou Cirilo o sujeito:

Não tinha lesão no peito

Nem em outra parte qualquer.

Pensou, então: “-Como é

Que esse cabra morreu?

Não foi pelo tiro meu.”

E acreditou, sem custo,

Que o cabra morreu do susto,

Na explosão que se deu.



Hoje, vem um neto seu

(Que eu sei ser homem correto)

Dizer que acertou no reto

O tiro que o avô deu.

E jura que o que ocorreu

Estava fora dos planos...

A vítima só sofreu danos

De natureza interna

Porque ao levantar a perna

A bala lhe entrou no ânus.





© by Escrivão Joaquim, dezembro de 2004. Jpoão Pessoa-PB

* * * * *

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui