Usina de Letras
Usina de Letras
74 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10369)

Erótico (13570)

Frases (50641)

Humor (20032)

Infantil (5440)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6198)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->O Brasil ainda é um país ? -- 01/03/2000 - 16:32 (Luiz Torres da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O B R A S I L A I N D A É U M P A Í S ?














Diz Aurélio (edição 77) que: “ País” é uma região; nação; pátria; paisagem; clima; conjunto formado por povo ou território, sem constituir um Estado por faltar-lhe soberania ou governo independente. Concordo integralmente com a definição final! Estamos sem soberania e sem governo ! E o que mais me constrange: sem dignidade !





O ”reeleito” que ai está implodiu a nação pela qual tantos se doaram, renunciaram e abdicaram , mantendo-a digna e altaneira, orgulhando-se de seus ancestrais e geradores. E por esse exemplo escreviam, com luta, suor e sangue uma história dignificante e honrada, orgulhando-se do pavilhão auriverde. Vibravam ao vê-lo tremulando sobre a brisa da liberdade que até com a vida defenderíam.





E hoje o que temos ? Nada. Nem mais um passado. Somos apenas um conjunto formado por povo ou território, sob o jugo de gringos mega investidores que compraram a moral e a dignidade daqueles que angariaram a confiança dos que, enquanto nação, optavam por eleger, mesmo esquecendo os 308 vendilhões conhecidos, que votaram pela reeleição desse que continua destruindo aquilo que chegou a ser uma nação e ter um povo altivo, capaz e empreendedor.





Esse desabafo serve para justificar nossa crítica ou descrença sobre atos como os talvez não mais tradicionais, mas convenientemente programados, da CNBB lançando durante a Quaresma as CAMPANHAS que a nada levam. Apenas contra um real ostracismo ou um nada mais ter a fazer. “SEM TRABALHO...PORQUÊ ?” Onde iremos chegar com esse tema ? No mesmo que os dois últimos: “A Fraternidade e os Desempregados” (97) e “Igreja contra o Desemprego” (98). A taxa de desemprego chegou aos 9% (já existem previsões para 15%) numa força de trabalho em torno de 80 milhões de trabalhadores. Serão 7.2 milhões de indivíduos; multiplique-se por quatro (média familiar) e conclua-se: quase 30% da população desempregada, faminta, na miséria, sem saúde, sem moradia, sem saneamento, sem terra, sem segurança, sem escola, marginalizada e prestes à se tornar violenta.





Não consigo afastar da mente essas campanhas como uma desforra dos Pierrôs e Arlequins aos obesos Reis Momo que transformaram suas vetustas fantasias em pura e simples nudez. E nesses três dias pagãos passados nos salões de meditação e leitura - ainda cobertos com desbotados tapetes vermelhos e cortinas de veludo já puídas, um desagravo deveria se efetivar. E a alternativa não poderia ser outra: uma nova campanha ! Teremos quarenta dias para indagar “Sem trabalho...porquê?” As reticências foram muito bem aplicadas: nada acrescentarão ao que todos sabem... e como sabem!.





A Campanha se traduzirá na criação em cada diocese ou paróquia de um projeto de geração de renda e empregos, assim como “coleta” de bens “não perecíveis” e dinheiro para iniciativas em benefício dos desempregados. Inicia-se com uma missa e com a indefectível oblata para gáudio dos desempregados, que formarão filas dias antes, e delas sairão satisfeitos e realizados. E a campanha terá sido um sucesso, mesmo não atingindo 30 milhões de excluidos.





Diz Dom Ruy (CB.19/02/99), com elegância, “que o tempo da Quaresma deve ser percorrido como um verdadeiro caminho de conversão no tríplice aspecto: autodomínio, renúncia ao supérfluo e abertura a Deus e ao próximo, principalmente, aos mais necessitados e excluídos” Diz, também, “o trabalho é dever de todo o ser humano (não diz direito),é com o trabalho que a pessoa humana busca sustento para si e para os seus. É através dele que se relaciona com outros, presta um serviço aos semelhantes e aperfeiçoa a obra da criação”. Refere-se, ainda, à “revolução tecnológica”, “neoliberalismo”, “peso da dívida” “pagamento dos serviços” e me permito acrescentar “globalização” para tornar mais atualizados os argumentos em destaque para justificar o injustificável ! Será que não se lêem mais jornais, não se assiste TV nem se dispõe de e-mail?





Autodomínio será desfazer-se dos direitos de posse e decisão, transferindo-os para os mais necessitados? Renúncia ao supérfluo será abrir mão do que podemos ter além do indispensável para eles? E abertura a Deus será propor auto desproteção em favor dos excluídos? Não seria heresia ? Dom Ruy fala em “trabalho”, “trabalho” e mais “trabalho”. Omite o óbolo, a contribuição material e financeira para “iniciativas em benefício dos desempregados ! Amnésia?





Na era em que se recruta para dirigir o Banco Central de um ex País um “profissional” da primeira linha de um dos mais “respeitados” mega investidores internacionais não seria elegante admitir-se que o indicado - já atuando como ministro da fazenda, tivesse prestado mais um relevante e rendoso serviço ao seu ex- patrão? Pensar nisso exigiria ressalva moral: estava jantando com o Presidente da República (?), com um já ex-ministro da fazenda, com um também ex presidente do BC e um outro ex “grampeado” que, juntamente com seus também colegas e compadres de grampo estarão brevemente de volta para novas privatizações e BNDES da vida.





Nessa era discutir-se Campanhas de Solidariedade e captação de óbolos para os miseráveis “Sem trabalho...” que o próprio governo cria e estimula, não será muita ingenuidade ou, talvez, estupidez ? Servirá, pelo menos, para mobilizar a imprensa, chamar atenção para a grandiosa iniciativa e a não menor preocupação com os problemas sociais ? Só que o “beneficiário” terá de levar sua doação às costas porque o cidadão reeleito declarou alto e bom som que a decolagem de um avião da FAB custa mais do que o valor da carga carregada. Disse-o aos nordestinos quando os taxou de SEM VERGONHA NA CARA. Esse custo, entretanto, nada representa em suas decolagens semanais para fins de semana ou rápidas visitas em casa de amigos ou em sua granjinha não sei onde.





O hábito da leitura deveria ser mais desenvolvido. Livros, revistas, pasquins, folhetos, manuais, campanhas, prospectos e até propaganda de grifes ou “langeries”. Seria um forma de alcançar-se o pretendido com campanhas superadas ou supostamente bem intencionadas. Uma das melhores opções seria explorar-se o Padre Marcelo. Mas cuidado: é muito moço e não possui estrutura para suportar tamanha carga. O bispo Macedo é mais traquejado e maduro.





“Sem Trabalho...Porquê?” Porque o caixa único das incidências sociais e trabalhistas, somados aos dos faturamentos constituem-se nos fundos que o Tesouro dispõe para cobrir - sem prestações de contas, juros, despesas secretas, comissões, publicidade, aquisição de votos e até flores, coquetéis, canapés e cafés da manhã do Presidente com seus ilustres convidados, tanto aqui no País como na Europa ou América do Norte - de onde estão vindo os novos “gênios” da economia - já que neste território eles não mais existem. Note-se que certo ministro ainda mantém a família na Inglaterra e periodicamente a visita, fazendo malabarismo com seu salário padrão de oito mil reais. Só não é tão malabarista com o orçamento da nação.





“Sem Trabalho...Porquê? Existem dúvidas ? Os canônicos membros da CNBB já viram o governo sentar à mesa de negociações entre Metalúrgicos e Montadoras? Entre Sindicatos Patronais e de Trabalhadores? Com a CNBB e seus paroquianos miseráveis? Já viram quem praticam os partos às portas dos hospitais inoperantes? Já viu soldados e bombeiros serem treinados para obstetras e não policiais? Já viu um salário mínimo valer ou atender o que reza o item V do Art. 7o da Constituição?





“Sem Trabalho...Porquê?” Para poder abrir as fronteiras aos mega investidores (exportadores) que nos abarrotam de bens supérfluos - que possuímos com igual ou até melhor qualificação? Para reduzir taxas de importação e forçar baixa de preços que o próprio governo estradúla? Para declarar reservas de dólares a 50% de juros para alegar paridade entre moedas? Manter 60 taxas de tributos para menos de meia arrecadação e dar ensejo a que o Secretário da Receita preconize para um ano que se inicia ” Em 1998 gostaria que o país tivesse mais empregos, mais crescimento, menos injustiças e MENOR SONEGAÇÃO. E que tudo somado resultasse em paz!” E das quinhentas maiores empresas que possuímos trezentas devem mais impostos do que toda a dívida nacional e sua maioria pertence ao governo. Entende-se o porque da “menor sonegação”?





“Sem Trabalho...Porquê?” Porque ao próprio governo não interessa a retomada do desenvolvimento. Se aumentar a produção haverá mais empregos, aumentará o consumo e obviamente a arrecadação suportará os 60% destinados aos funcionários, impedindo as demissões necessárias para as admissões comprometidas eleitoralmente... mas sem vínculo empregatício. E como justificar o aumento das alíquotas previdenciárias que impediriam a privatização? E onde ficaria o rombo conveniente para os FMI da vida?





Dom Ruy fala também em ”revolução tecnológica, neoliberalismo, peso da dívida externa, pagamento de serviços e etc e tal” Peço vênia para acrescentar globalização pois juntando tudo parecerão fatores negativos para o Brasil. Até há pouco nada disso tinha evoluído ao ponto da desagregação do desenvolvimento. Reduzam-se as taxações absurdas e vergonhosas que o governo impõe sobre o custo da mão de obra e teremos preços inferiores aos dos países asiáticos como Coréa, Taywam e outros e tecidos e vestuários muito mais em conta que os da China.


Nosso campesino não tem crédito bancário, não possui trator ou qualquer outro equipamento, não possui irrigação e nem água para beber e muito menos assistência especializada. Mas continua produzindo os grãos que come, vende e troca. Nem todas as nossas padarias possuem fornos com vaporizadores, mas continuam produzindo pães. Nem toda a tecelagem possui maquinário capaz de colocar o tecido numa ponta da esteira e sair pronta a peça na outra extremidade. E mesmo assim, no sistema artezanal (que ainda impera no mundo) temos preço, quantidade e qualidade para oferecer. Temos fruticultura capaz de produzir sucos para abastecer o mundo, mas os estamos importando do México, da Argentina e até de quem não possui terra para plantar. Podemos continuar produzindo nossa riqueza sem nos preocupar com as inovações hoje tão alardeadas e das quais o governo se utiliza para assegurar a redução tarifária que nos são impostas. O Clinton está tendo dificuldades para aplicar 30 trilhões no mercado de capitais. ‘Nós não temos cinco milhões de reais para reabrir precariamente uma clínica para crianças cancerosas, mas compramos por dez milhões um helicóptero para os deslocamentos rápidos de um reeleito.





“Sem trabalho...Porquê?” Porque não interessam mudanças. Se precisamos importar menos 20% de petróleo porque não estabelecer um parcial racionamento? Se precisamos importar 80% do trigo que deixamos de produzir, porque não reduzir a produção de alguns artigos dispensáveis dentre os 285 tipos de biscoitos, massas e bolos que fabricamos? Se precisamos de arroz porque não voltar a produzir o do sequeiro e financiar a juro de 12%aa seu cultivo? Já não fomos auto-suficientes e até exportadores? E se necessário um racionamento mais rígido porque não adotá-lo? Porque países já não emergentes precisam desfazer-se de seus estoques robotizados? Discute-se a manutenção de empregos propondo fórmulas humilhantes e vexatórias para os trabalhadores; Redução de horários e salários, demissão de pessoal mas não redução de produção. Tirar 5 a 10% do IPI e 7% do ICM (tributos que serão pagos pelo povo) para diminuir um pouquinho a mão de obra mas não discutir a manutenção do preço do carro, as bonificações promocionais, abonos com dólares a 1,21, tanque cheio, desembaçador traseiro e cento e vinte dias para a primeira parcela de entrada. E o trabalhador deve sujeitar-se às migalhas e ofensas que lhes estão impondo. O governo sentar-se à mesa e discutir a redução de 30 ou 40% das incidências demagógicas e imorais que resolveriam todos os problemas isso não faz. Veja-se o exemplo do cigarro: 79% de imposto, mesmo admitindo que produz câncer. Seria mais justo dizer-se que cigarro produz governo ! Também não se discute produzir utilitários e tratores, muito mais úteis e necessários que automóveis.





“Sem Trabalho...Porquê?” Porque a explosão do consumo vai gerar inflação? Com o salário mínimo valendo o que vale hoje será combustível capaz de queimar alguma coisa? Fazer a CNBB e a sociedade doar cestas básicas é melhor do que dar anzol ao em vez do peixe frito? Devolver a dignidade de um povo é mais degradante do que pagar quinhentos mil reais ao mesmos 308 que votarão no Parlamentarismo, que será proposto para manter a perpetuidade?





“Sem Trabalho...Porquê?” Porque não interessa mesmo explicar. A fórmula existe, vem sendo engavetada há mais de cinco anos. É conhecida pelo governo, pelas instituições oficiais, pelo congresso, pelas Confederações e por toda a corja de Alí Babás que dominam este ex País - pelo qual já não mais podemos nos ufanar. Será o Brasil ainda um País ?





Felicidades à CNBB por mais uma causa vã e naturalmente utópica campanha, mas para todos os demais fins ... meritória!( Fev/99).


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui