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Artigos-->Elogio Á Crítica -- 11/12/2002 - 11:55 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Elogio à Crítica e Vice-Versa

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Quem produz arte, evidentemente, carrega consigo o desejo de expressar algo que sente ou que sentiu. Que vivenciou ou imaginou. E nesse desejo está implícito a necessidade de compartilhar este sentimento com o próximo. Nesse sentido, a arte tem um componente altruísta. A despeito de que, paradoxalmente, existirem artistas que são altamente vaidosos e egoístas. Mas isso não interfere no valor e na qualidade da obra. São aspectos relacionados à fragilidade do ser humano. E artista, por incrível que pareça, também é humano.



Desse modo, as expressões artísticas sempre estarão sujeitas ao exame de terceiros. Valendo registrar que, mesmo entre os especialistas, há discordâncias de opiniões entre a qualidade da obra objeto de apreciação. Com o público comum, então, nem se fala. Tudo acaba na máxima segundo a qual “gosto não se discute”.



Até porque, em se tratando de literatura, a Nova Crítica, (The New Criticism) o movimento literário que surgiu no ano de 1930, nos E.U.A., passou a considerar a obra literária como um todo autônomo e auto-suficiente, com seus elementos organicamente relacionados, independente de dados relativos ao autor.



Por isso, entendo que é preciso ter muito cuidado. Tanto com a crítica, como com o elogio. Na minha modesta opinião, estou mais propenso a gostar da crítica do que do elogio. E explico porque.



O elogio, salvo melhor juízo, estará sempre sujeito a carregar consigo a conotação de empatia do crítico para com o autor da obra. Essa empatia, no meu modo de ver, pode interferir, positivamente, no resultado do conceito que o crítico atribui àquela determinada obra. Mesmo que a obra, a rigor, não tenha a qualidade que lhe é atribuída.



Isso não significa dizer, no entanto, que um crítico, que antipatize determinado escritor, por exemplo, não seja capaz de tecer elogios à sua obra, com base, apenas, em critérios de ordem técnica. Isentos, portanto, de interferências de ordem psicológica. Mas essa, no meu modo de ver, não é a regra geral.



O elogio é muito parecido com o ufanismo. Com o amor desmedido pela pátria. Com a paixão. Com a obsessão. E a obsessão, como todos sabemos, é capaz de cegar. A gente passa à condição de um vidente que distorce o ângulo, o foco e o enfoque do objeto que contempla.



Quantos casos de amor não conhecemos em que, geralmente a mulher, não consegue ver defeitos no crápula com quem se casou. E tem mais: o elogio tem o poder de calar o elogiado. Que fica sem palavras, até mesmo para agradecer. Neste sentido, o elogio é uma estrada de comunicação de mão única. Não há retorno produtivo. Nunca vi uma pessoa, que receba um elogio, reagir com indiferença ou com agressividade.



Curiosamente, a palavra elogio vem do latim, com influência do grego eulogia (elogio), referindo-se aos epitáfios: as inscrições em lápides, quase sempre em tom de elogio aos que se foram. E, mais curioso ainda, o epitáfio, conforme consta do dicionário, também significa uma espécie de poesia satírica, em quadras, versando sobre pessoas vivas, mas como se elas já estivessem mortas.



Por isso, tenho cá minhas reservas em relação aos elogios. Seja por uma questão de humildade, seja porque, de fato, não me sinto bem diante deles. Vou até mais um longe um pouco: acho que o elogio deveria ser curto e grosso. Um “muito bem” estaria de bom tamanho. Nada de muito meloso. Alarmante. Fantástico. Extraordinário.



Sou mais simpático às críticas. Que, geralmente, quando responsáveis, vêm sempre acompanhadas de justificativas. E por isso elas são bem mais valiosas do que os elogios. Trazem um conteúdo novo, que motiva e sugere reavaliação. Através da réplica. E com a réplica vem a tréplica. O contraditório se faz presente. E com a discussão, novos ângulos, até então obscuros, são questionados. Assim, tanto cresce o crítico como o criticado.



Na crítica, a mão é de mão dupla. Todos ganham com a crítica. Não há perdedores. A não ser os indiferentes ou extremamente vaidosos e egoístas. E na crítica, finalmente, é bom que se diga, não é necessário a bajulação. Esta, quase sempre, gratuita; e, sempre, infundada.



Domingos Oliveira Medeiros

11 de dezembro de 2002











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