Usina de Letras
Usina de Letras
45 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62201 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10353)

Erótico (13567)

Frases (50601)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4762)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Famílias e galinhas -- 07/09/2005 - 19:34 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O acompanhamento do almoço familiar revela a evolução das famílias, seu grau de modernidade, a aderência a valores como a democracia, a liberdade de expressão e o entendimento entre pais e filhos.

Dentre tantos pratos, a galinha assada, independentemente do acompanhamento, sempre figurou entre os mais usuais para os almoços familiares aos domingos. Neles pode-se observar claramente a distribuição do poder. Antigamente, as galinhas tinham apenas duas coxas, duas sobrecoxas e a maioria das partes duplas, com exceção da cabeça, do pescoço e algumas partes internas menos nobres. Na época não havia esta grande procura por corações de galinha.

Esta simples contagem das partes, já sinaliza a sabedoria divina posto que ninguém apreciava a cabeça e o pescoço. Já as coxas e sobrecoxas sempre foram muito apreciadas. Por isso, revelando a estrutura do poder familiar oficial, tais partes sempre foram dedicadas aos pais que as devoravam cientes de seu direito e poder.

Com a evolução dos tempos e a chantagem infantil a aparente dureza paterna foi se diluindo de modo que hoje as partes nobres cabem às crianças. Pescoços, com os pais devotados.

Logo na minha vez. É sempre assim.

Aos pais restam então as partes menos nobres entre elas o uropígio. Aí outro sinal do passar dos anos. Com o tempo, os pais passam a gostar do uropígio. Quem diria? Eu mesmo hoje em dia já não rejeito o uropígio e, se por vezes o evito, é em função da gordura e não do gosto ou do preconceito.

O uropígio, todos sabem, é aquele triàngulo de gordura que se estabelece na retaguarda da ave, destinada à proteção do nobre local por onde saem os ovos. Se você não lembrava, não fique chateado. Eu descobri por acaso em função das deficiências do corretor ortográfico do nosso querido Word. Ocorreu que ao escrever sobrecoxa, o editor, atento, porém incorreto, acusou erro. Fui ao bom e novo Houaiss e vi que a grafia estava correta e seguindo um velho hábito, olhei a palavra seguinte. Lá está para quem quiser ver. Sobrecu. Já não fico ruborizado com certas palavras, mas não pude deixar de ver o significado a ela atribuído. E lá está, lacónico, direto: uropígio, sem maiores comentários ou explicações. Naturalmente que fui ver o significado de uropígio e lá está "apêndice triangular que recobre as vértebras caudais das aves, onde se inserem as penas da cauda", ou seja, sobrecu.

É bem verdade que hoje, a menos dos frangos de padaria, já se pode simular galinhas com quantas coxas se queira, evitando as partes sem demanda e dando ênfase às mais requisitas. Isto tem seu preço, mas ainda é suportável.

O difícil é explicar às crianças.


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui