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Contos-->Dominus et Servus -- 18/11/2008 - 11:36 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prezado amigo Félix Maier,

Este artigo foi escrito em 23 de outubro. Somente agora pude divulgá-lo, mas acredito em que não houve grande perda, por se tratar de uma fábula atemporal, ainda que bastante atual, porquanto inspirada na tortura covarde a que está sendo submetido o Coronel Ustra.

Um abraço,

Luís Mauro.


***

“Dominus et Servus”

Luís Mauro Ferreira Gomes

Em 23 de outubro de 2008

OS LOBOS E OS CORDEIROS (*)

Os lobos estavam observando um rebanho de cordeiros. Como os cães de guarda os impediam de avançar, eles resolveram lançar mão da astúcia. Enviaram alguns dentre eles para pedir aos cordeiros que lhes entregassem os cães: – São eles – diziam os lobos – que são a causa de nossa inimizade: entreguem-nos que a paz reinará entre nós. Sem saber o que lhes ia acontecer, os cordeiros entregaram os cães. E os lobos, uma vez de posse destes, não tiveram muito trabalho para dizimar o rebanho sem os guardiães. Quem entrega seus chefes não está vendo que em breve será presa de seus inimigos.

(Texto atribuído a Esopo, extraído da Internet).

Era uma vez um pequeno principado, provavelmente na Europa, onde tudo é pequeno, no qual viviam, em harmonia, uns poucos nobres e um pouco mais de plebeus. Os primeiros administravam o Estado e o defendiam contra as incursões dos nobres dos reinos próximos e dos ataques dos bárbaros. Os outros trabalhavam para sustentar os seus senhores, pouco lhes restando para sobreviver e alimentar as suas famílias. Mas estavam felizes, pois não conheciam outra realidade. Eram escravos, fracos, desarmados e acreditavam na lorota muito bem difundida de que era vontade de Deus que assim fosse.

Um dia, porém, surgiu um príncipe que teve uma “idéia brilhante”: por que precisaria arriscar-se lutando contra os nobres dos países vizinhos, se poderia armar os seus plebeus para fazê-lo? Afinal, assim lhe sobraria mais tempo para gozar as delícias da vida, já que não precisava trabalhar para viver. Dito isso, passou à prática: armou os plebeus, ensinou-os a combater, e, logo, começaram a tombar os nobres inimigos pelas mãos dos servos do príncipe.

Como as “idéias brilhantes” costumam ser imediatamente copiadas, pouco tempo depois, todos os pequenos reinos tinham armados os plebeus, que começaram a matar-se uns aos outros.

Ao mesmo tempo, os nobres, acostumados ao ócio e à corrupção, negligenciaram a administração do Estado e passaram a cobrar cada vez mais impostos para compensar a ineficiência, sem oferecer quaisquer serviços em troca.

Além disso, eram arrogantes, humilhavam os plebeus, principalmente os seus soldados, que começavam a fazer algumas exigências. A idéia talvez não tivesse sido tão brilhante, afinal. Era preciso enfraquecê-los, pois eram os únicos que poderiam por fim a essa situação.

Como? Comer mais? O principado é pobre! Não há como aumentar os seus soldos. E também não há dinheiro para arcos, flechas, lanças, cavalos e armaduras!

Os plebeus, a essa altura, ainda estavam armados e já tinham descoberto que os nobres eram tão mortais quanto eles, que sangravam da mesma forma, que essa história de sangue azul era outra lorota. Se podiam matar os nobres estrangeiros, também poderiam fazer o mesmo com os seus senhores. E assim fizeram: empalaram o príncipe, e “viveram felizes para sempre”, até o dia em que os plebeus que se fizeram governantes resolveram ser “nobres”, também. Mas essa é outra história.

Era outra vez, muito, muito tempo depois, um grande Império ao Sul, dominado por uma nomenclatura corrupta e esbanjadora, cujos integrantes, faz tempo, já incorporaram todos os traços de uma nobreza despótica.

Como o príncipe inovador, aumentam sistematicamente os impostos, sem oferecer nada em troca; são arrogantes; humilham os cidadãos, principalmente os militares, nos quais vêem ameaça aos seus planos, e, por isso, desprezam-nos, agridem-nos, desrespeitam-nos, ofendem-nos e pagam-lhes muito mal.

E, igualmente, inventaram lorotas como essa de que, desde que haja eleições, ainda que viciadas, o regime é democrático; que desbaratar uma ditadura é atentar contra a democracia; que exercer o direito à legítima defesa é ser criminoso; que para ser disciplinado é preciso ser omisso ou conivente.

Repetindo, ainda, o príncipe, tratam de desarmar os soldados como forma de neutralizá-los e de impedir qualquer reação contra as ações deletérias e antinacionais que vêm praticando. Mas os soldados ainda têm arcos, flechas, lanças, cavalos e armaduras mais do que suficientes para salvar o Império.

“Quem se compõem com o inimigo, por pouco que seja, e entrega seus chefes ou seus chefiados não está vendo que, em breve, dele será presa.”

“Alea iacta est” (**), mas parece que somente um lado participa do jogo. É preciso retomar a iniciativa e partir unidos para o ataque, único caminho que conduz à vitória.

Se uns não o fizerem, um dia, outros, certamente, o farão. E não perdoarão quem nada fez, quando podia e deveria tê-lo feito.

A História sempre se repete, mas, às vezes, tarda muito!

Deixar para as gerações futuras aquilo que deveria ser feito hoje é uma grande bobagem e um grave risco.

Esta fábula foi escrita para aqueles homens que, por serem bons, não vêem a maldade do inimigo e aceitam a lógica deturpada que estes lhes impõem, tornando-se cúmplices involuntários da corrupção, da barbárie, da traição e do terrorismo.


(*) http://www.sofabulas.globolog.com.br/archive_2006_01_08_7.html

(**) A sorte está lançada – Júlio César quando se preparava para cruzar o Rubicão.


O autor é Coronel-Aviador reformado.



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