Já deve ter uns quinze anos, desde que o comprei , em uma loja de presentes.
Achei-o tão lindo!
Silvia, minha grande amiga, fazia aniversário e, como costumo dar para os outros algo que eu mesma gostaria de ganhar, comprei um cãozinho de pelúcia, preto e branco.
“Silvinha vai adorar” – pensei... Mas, senti que o bichinho seria meu; foi como “amor à primeira piscada”...
Observaram os olhos de Chiquito? Sim... Tenho por mania dar nome a tudo o que possuo.
Meu primeiro carro, um fusca azul, era José, em homenagem ao meu primeiro amor; meu freezer é Otávio, a geladeira é Custódia, o carro atual é “Neguinho”, por ser todo preto.
Naquele aniversário, troquei o Chiquinho por uma linda blusa e minha amiga e eu ficamos satisfeitas, com os presentes.
Conservo Chiquinho na minha cama, sobre a colcha. Está sempre ali, com aqueles olhinhos expressivos, dando-me (não sei por quê) a nítida impressão de que me foi dado por alguém através de minhas mãos. É algo inexplicável, mas sei que tem algum fundamento místico. Ou não?
Dá para notar que está meio sujinho (você, não! Chiquito). É que todos que o vêem não conseguem ficar sem dar uma breve alisadinha no meu bichotinho. Só o lavo no verão, quando o sol é forte e seca por inteiro.
Há objetos inertes, mas que parecem ter uma espécie de “alma”... Chiquinho tem-na.