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Contos-->O homem e a menina -- 04/04/2001 - 17:33 (Demerval de Oliveira Valinhos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Certa vez, um homem andava por ruas movimentadas de uma grande metrópole.
Era um homem de bom coração que numa de suas andanças, viu, no chão, uma mulher, dispersa na sujeira de sua existência.
Desprovido de julgar alguém pela aparência, o homem se abaixou, olhou para a mulher sentada e lhe estendeu a mão, dando-lhes uma nota de dinheiro, para que, ao menos naquele dia, a mulher pudesse arrumar providências e saciar sua fome.
A mulher, de aparência enrugada, talvez pela idade e pela baixa qualidade de vida, esticou a mão, pegou a nota, e lhe deu a benção : “-Deus te Abençoe”.
Passaram-se alguns meses e nada aconteceu na vida daquele homem comum.
Certo dia, ele viu algo que fez seu corpo estremecer, seus olhos tornaram-se mensageiros de uma realidade que até então lhe parecia descabida.
Aconteceu que, andando, e ele sempre andava, percebeu que, onde ele vivia, existia uma menina.
Dias depois aquele homem começou a sentir-se incerto, confuso, seus dias eram vagos, vivia de suposições, tentava esquecer o surgimento daquela menina, mas, por mais que tentasse, não conseguia.
Emudecido pelo orgulho, o homem passou a tentar esquecer seus sentimentos, imaginava que suas emoções nada eram, além de fraquezas humanas.
Após meses o homem havia se convencido de que não deveria aproximar-se da menina, por maior que fosse a meiguice existente no brilho do seu olhar.
Foi num dia nublado com nuvens cinza, em que o vento soprava suave, e pequeninas gotas de água, juntas, desciam do céu, que aquela menina, que o homem fazia questão de esquecer, sumiu.
Ninguém a vira, não havia pistas, nem endereço, nem telefone. A menina, que tanto tentara esquecer, havia sumido.
Neste dia o homem viu o sol escurecer, olhou para o mar e viu que as águas já não mais se moviam, a chuva, incessante até então, secou, como que num ato de respeito, dada a terrível dor, que, naquele momento, atingia o homem, dentro de seu peito.
Então o pobre homem deu-se conta de sua ignorância, seu desconhecimento, sua cegueira.
Percebera que, até então, tentara revogar um sentimento irrevogável. Percebera que por seu orgulho, confusão e medo de tentar, deixara escapar a chance de ser feliz.
Passaram-se mais alguns meses.
O homem se levantou, e, começou a andar.
No entanto, percebeu que aquele era um dia diferente. O canto dos pássaros vinham de todas as direções, viu todos os seus vizinhos na rua onde morava, deu bom dia a todos e todos responderam com um sorriso no rosto. Era um dia, por incrível que possa parecer, feliz. O vento matinal beijava o rosto e a pele de cada um que por ali passasse, dando uma sensação de frescor vitalizante.
O homem abriu um sorriso, e, continuou andando.
Foi então que, novamente, algo inesperado aconteceu. E o homem, que andava, parou.
Neste momento tudo a seu redor ficou paralizado.
As pessoas que corriam apressadas para o trabalho, ficaram paralizadas, na posição que estavam. Os senhores, dentro de um buteco, que logo cedo bebiam, ficaram estáticos. O sorriso no rosto da criança que brincava pelada no meio da rua, ficou congelado. Até um casal de namorados, num ponto de ônibus próximo, ficaram juntos, abraçados, de lábios colados, por incontáveis minutos.
A brisa e o canto dos pássaros, continuaram.
A “menina”, estava novamente, diante de seus olhos.
Então, o homem olhou para o céu e lembrou da velha a quem tinha estendido a mão, e depois lembrou de suas palavras:
“- Deus te abençoe”
E viu, que a benção tão esperada, havia chegado.

Demerval Valinhos
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