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Poesias-->Quem sou Eu -- 08/09/2009 - 12:35 (Lita Moniz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quem sou Eu



Com que então toda a gente nos está a

olhar com tão grande curiosidade que até

parece ser verdade esse boato que correu.



Que ninguém acreditava que eu soubesse

assim falar.

Pois podem acreditar,sou eu,naturalmente

perguntam quem sou, quando e onde nasci,

quanto tenho de meu e o que ando a fazer

aqui.



Escusado será perguntar pois o ireis saber.

Quem vos vai dizer sou eu.

Nasci há oitenta e três anos, no dia sete

de Dezembro, francamente não me lembro

como isso aconteceu.



Do que ainda me lembro, e que sei, foi

aquilo que eu disse a primeira vez que

falei.

Disse que queria ir para a escola.

Quis seguir os estudos porque tinha

vocação.



O meu pai mandou-me então estudar para

o Liceu, e foi aí que aprendi a dizer

corretamente quem sou eu.



Fui depois empregado num cartório manhoso

de um tal Sr. Cardoso, que era sócio de um

judeu.

Mas um dia, não sei porque, tudo deu uma

grande desanda, só me disse: rua! Rua!

aqui sou eu quem manda.



Lá fui então para a rua, e foi por essa

ocasião que encontrei a Margarida Guerreiro

e por ela me apaixonei.

Filha do merceeiro, era bonita e tinha

dinheiro.



Agora que já vos contei quase toda a

minha estória, vou-vos contar agora

o quanto tenho de meu.

tenho aqui em Montalegre, por aí umas dez

casas, todas num casaco coçado e tudo isto

foi herdado dum tio rico que já morreu



Chamava-se Antônio Grazuna, um dos homens

mais ricos do país. Deixou para mim toda a

fortuna, mas isso só depois de esticar os

dois pernis.

Deixou-me um colarinho e três gravatas com

pintas a fugir para violeta.



Uma caixa de fósforos sem cabeça e um velho

guarda-chuva sem varetas.

Deixou-me um lindo par de sapatos de pele.

Os contrafortes presos com uma guita e as

gáspeas seguras com um cordel.



Deixou-me um lindo fato em chaviote,

camisas, jóias e um alfinete.

As calças estavam podres num caixote.

O casaco sem mangas e sem frentes.



As jóias eram de cobre, coisa pobre.

Já não me deixou tão pouco, deixou-me

a estrada para passear daqui até à serra

do Larouco.







Sebastião Custódio Duarte



( Tio de Lita Moniz, residente em

Montalegre, região de Barroso, Zona

fronteiriça com a Galiza.)





















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