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Cronicas-->MINHA CRÓNICA DE CADA DIA-DOMINGO, DIA B RANCO -- 15/08/2005 - 13:57 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MINHA CRÓNICA DE CADA DIA(5)
Domingo, dia branco

Francisco Miguel de Moura*


Não fosse o telefonema do poeta Zé de Crispim, meu primo, nada de diferente do comum dos dias. Levantar, tomar café, fazer a necessária caminhada, depois tomar banho, fazer a barba... Não sabia que o pessoal de casa desejava ir ao clube. Se adivinhasse não teria caminhado. Os exercícios aquáticos, na piscina, seriam mais saudáveis. Fui, eram 10 horas da manhã, não nadei.
Já à noite foi que o poeta me telefonou. Sempre a conversa de sempre. Vai escrever um poema em minha homenagem. Já fez um para meu pai, que sairá no livro - uma espécie de biografia romanceada do mestre e violeiro Miguel Guarani - que estou preparando.
- Quando vai lançar o livro, primo?
- Só no próximo ano.
- Onde?
- Aí, em Francisco Santos, terra dele, minha e sua. Vou solicitar apoio da prefeita. Se negar, faço-o aí mesmo assim, em qualquer repartição ou na praça do mercado público.
A brancura do céu não condiz com o coração das pessoas, que, muitas vezes, armam maldades, dizem mentiras. Li os jornais e vejo a derrocada do Brasil político, no meio dessa corrupção amedrontadora. As denúncias foram contra os deputados e senadores, não contra o presidente. Mas, pelo que se vê, estão (os partidos de oposição) tramando a queda (impeatchment) do presidente. Por que não punem logo os congressistas, o poder legislativo? Quem já tem culpa formada? Convoquem-se os suplentes.
Daí então seria a vez do executivo.
Os poderes não são independentes?
Lemos as revistas, a mesma lengalenga.
No domingo não se pensa em fazer coisa séria. Por isto mais importante - tirando as saudações dos filhos e de alguma pessoa pelo dia dos pais - foi a conversa com Zé Crispim. Fico até sem jeito, ele afirma que sou o maior poeta do Brasil, às vezes cita, recita poemas meus. Não, elogio é bom, mas quando é muito assim e de cara a cara, eu fico meio tonto. É preciso ter estrutura para ser importante, ter fama. Graças a Deus não tenho, não gostaria de tê-la. Tudo o que quero é publicar meus livros, os que estão prontos e os que ainda vou produzir. E viver feliz, no seio da família, como me sinto agora. Embora tenha amanhecido o dia enviesado, chateado como criança mimada, quero mais que mimo. A gente precisa ser maduro. Ter confiança em si. A confiança é uma das maiores dádivas de Deus.
Acordei cedo, deixei a brisa da manhã entrar porta-a-dentro. Espero que ninguém diga que estou "enchendo o saco" com palavras vãs. Gosto de escrever aquilo que as pessoas sentem: - medo, desconfiança, insatisfação, desejos inalcançáveis, projetos que morrem ao dobrar a primeira esquina, enfim, uma série de emoções que só o romance pode conter. A crónica apenas ensaia.
Melhor a gente se recolher, em silêncio, e pensar sem preocupações, porque o que tem de ser, será. Será? É muito determinismo. Sim e não. Há previsões de mudanças que podemos conseguimos, outras não. Vou por esse caminho ou por aquele? Vou adoecer hoje ou não, romperei todo o dia com boa saúde? Que há de ser de meu filho, meu vizinho, minha consorte? Com sorte seremos felizes.
"Faz por ti que eu te ajudarei" - Deus não disse isto, ele não disse nada. Nós inventamos o provérbio corretamente. Cada qual cuida de si, mas pensar no próximo, fazer algo por ele, é sempre gratificante, enche a alma de uma felicidade que não se descreve. Não precisa que alguém saiba. Aliás, é melhor assim. Não existe aquele versículo do Evangelho que diz: "dar com a mão direita sem que a esquerda saiba?".
Penso em meu primo Zé de Crispim. Ele repetiu há poucos instantes que já fiz tanto por ele. Eu procuro e não sei como e quando lhe fiz algum favor extraordinário. Ah, Deus! De onde não se espera é que chega.
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*Francisco Miguel de Moura, escritor brasileiro, mora em Teresina, endereço: franciscomigueldemoura@superig.com.br e usinadeletras.com.br



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