Um amor de pai, urgente,
que foi pros lados do embora
insiste que eu não morra agora
fujindo horizonte afora
pois uma rima à minh` espera
faz-me um pedido premente.
Pede que eu escave o tempo,
páre o espelho, o relógio
e decifre seu lamento,
decodificando o amor
quebrado entre versos de ódio.
Ávida a vida esperneia
convulsiva, tensa, feroz,
desmaia em músculos flácidos.
Na espera há um verso plácido
que de mim só rouba a voz
assovio no estio do tempo.
Seiva esticada na teia
de vida, ilusão que enleia
a trama de se fazer
o fio que indica a via
estrada de cometer
a sentença que esvazia
os pecados da poesia.
Elane Tomich |