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Contos-->CRIANÇAS CURIOSAS -- 23/09/2008 - 13:29 (MARIA AICO WATANABE) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CRIANÇAS CURIOSAS

Maria Aico Watanabe


Neste conto, tirado da vida real, vamos falar de dois jovens casais, vizinhos, com filhos pequenos.
O primeiro casal é formado pelo Lucas, 32 anos, arquiteto e sua mulher Camila, 29 anos.
Eles tem dois filhos: Felipe, com cinco anos e Bárbara, dois anos.
O casal vizinho é formado pelo Ricardo, 31 anos, empregado graduado de uma agência de seguros e sua mulher Silvana, 28 anos.
Seus filhos são a Mariana, quatro anos e o Renato, um neném recém-nascido.
Camila e Lucas vinham criando Felipe com todos os mimos, era o reizinho da casa. Até que quando ele tinha três anos de idade, nasceu Bárbara.
Logo que Bárbara foi trazida da Maternidade, Felipe começou a manifestar muitos ciúmes da irmãzinha. Estava começando a usar o piniquinho, mas desde que Bárbara chegou, começou a recusar a usá-lo. Quando Camila insistia para ele usar o piniquinho, caía no chão esperneando. Camila o ameaça:
- Se você não usar o piniquinho e não ficar bonzinho, vou cortar o seu pipi. Vai ficar aleijada como a sua irmãzinha !
Felipe fica muito assustado. Tudo menos perder o pipi. A Bárbara era assim porque alguém havia cortado o pipi dela ...
Lucas tem um irmão mais velho, o Guilherme, 43 anos, médico, casado com Victoria, 40 anos. Guilherme conheceu Victoria, uma inglesinha, em Londres quando fez uma viagem de turismo à Inglaterra. Resolveu trazê-la para o Brasil e torná-la sua esposa. O casal tem três filhos adolescentes, cujos nomes foram escolhidos por Guilherme em homenagem ao país natal da esposa: Kátia, 17 anos, Thomas, 15 anos e Suzie, 13 anos.

Um domingo, Guilherme e sua família vem almoçar na casa de Lucas.
Felipe que vivia com medo, revela ao tio:
- Tio, a mamãe disse que vai cortar o meu pipi se eu não ficar bonzinho ...
Guilherme fica preocupado com a apreensão do sobrinho e se dirige para a cunhada e o irmão:
- Vocês estão educando o Felipe errado. Coloquem-no de castigo, batam nele se quiserem, quando ele não ficar bonzinho. Menos ameaçar cortar o pipi. Já tivemos filhos pequenos e sabemos como se sente um menino da idade do Felipe quando ameaçado dessa maneira.
Passam-se dois anos. Agora Felipe já está com cinco anos e Bárbara, com dois. Felipe anda muito curioso. Começa a fazer perguntas embaraçosas sobre sexo ao pai, que agora está mais preparado:
- Papai, como foi que eu nasci ?
- Vou te contar uma linda historinha.
- Conta, pai.
- Papai gosta muito da mamãe, não é verdade ?
- Sim, pai.
- Como o papai gosta muito da mamãe, o papai colocou o pipi dele no buraquinho que a mamãe tem. No fundo do buraquinho o papai colocou uma sementinha. A sementinha entrou na barriga da mamãe. A sementinha foi crescendo, crescendo, até se transformar num nenê que era você.
- Como foi que saí da barriga da mamãe ?
- Pelo mesmo buraquinho onde o papai colocou a sementinha.
- Pai, posso ver você colocando a sementinha no buraquinho da mamãe ?
- Não, meu filho. Neste momento, o papai quer ficar sozinho com a mamãe.
- Por que vocês tem que dormir juntos na cama grande ?
- Se o papai e a mamãe dormissem em camas separadas, não daria para o papai colocar a sementinha no buraquinho da mamãe.
- Gostei da historinha, pai.
- Agora me dá um abraço e um beijo.

Na casa ao lado, Ricardo e Silvana festejam a chegada do Renato.
Mariana, a filha mais velha do casal fica toda curiosa ao ver Silvana trocando a fralda do Renato:
- Por que o Renato tem esse penduricalho e eu não ?
- Você nasceu assim mesmo.
- Aleijada desse jeito ?
- Não, minha filha. Você não nasceu aleijada.
- Por que sou assim e o Renato tem isso ?
- Porque você vai ser uma mulher como a mamãe quando crescer e o Renato um homem como o papai.
- Posso ajudar você dar banho no nenê ?
- Claro, minha filha. Agora me dá um abraço e um beijo.
Toda criança é curiosa. Quando fizerem perguntas embaraçosas sobre sexo, respondam-lhes com naturalidade, em palavras simples, que possam entender. Isso não é nada científico, mas tem seu valor e é bonito. Respondam-lhes exatamente o que querem saber, sem rodeios, sem se esquivar do assunto, por mais embaraçoso que isso lhes possa parecer.
Mau sinal, se as crianças não fizerem perguntas embaraçosas sobre sexo aos pais. Elas não estão confiando nos pais, e estão buscando respostas às suas curiosidades na rua, a pior forma de educação sexual. Ou melhor, deseducação sexual.
Tragédias podem acontecer quando os pais não estão preparados para dar educação sexual aos filhos pequenos.
Lembro-me com tristeza de uma notícia que aconteceu em Cafelândia – SP, há alguns anos atrás.
Uma menina de quatro anos, com inveja do pintinho do irmão de dois anos, cortou o pipi dele com uma tesoura. O pai desesperado, dá partida às pressas ao carro, para levar o filho ferido ao hospital. A menina que havia se escondido debaixo do carro com medo de apanhar, morre atropelada. Nesse momento, a mãe estava dando banho no nenê, filho mais novo do casal. A mãe também desesperada, larga o nenê na banheira para ajudar o marido a socorrer os dois filhos mais velhos. O nenê morre afogado. O menino morre de hemorragia.


Na tragédia, o casal perdeu todos os três filhos em poucos minutos. Tudo por não terem sabido orientar a filha sobre a diferença sexual entre meninos e meninas. Por causa disso, a menina estava desorientada, confusa e principalmente com inveja do pintinho do irmão.
Por filhos no mundo, meus amigos, é uma tremenda responsabilidade. Se acham que não estão preparados, melhor não tê-los.
As crianças merecem ser amadas, respeitadas e educadas de forma responsável, de modo que venham a se tornar homens e mulheres adultos capazes de exercer a sexualidade de forma saudável e com responsabilidade. Isto significa saber viver feliz.


Jaguariúna, 08 de setembro de 2008.
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