quero, hoje,
apenas ficar triste.
é como sol poente,
lua minguante
queimei as velas todas da alegria.
hoje, dou-me a melancolia
que é doce, pungente.
é fria.
hoje, dou-me restos de lembranças,
para afogá-las.
açucenas azuis,
no lago escuro.
hoje, dou-me essa tristeza,
essas cinzas
que a tempestade do peito ameaça
fazer esvoaçar,
levando,
cada fragmento,
verso, beijo.
hoje, sou eu de novo,
eu, comigo.
tinha saudades de mim
e não sabia.
hoje, retomo minhas coisas,
o verso,
a possibilidade,
o fio esticado sobre o abismo.
hoje,
sou eu.
a aventureira,
a poeta,
aquela que toma o momento
e dele faz
o punhal
a luz
o mundo
|