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cronicas-->Flor de Lótus -- 31/07/2005 - 20:56 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Flor de lótus



Almoço hoje com velho conhecido dos tempos de mocidade e ouço dele uma história comovente.
Na mesa em que nos encontrávamos, ele contou que quando era jovem, diplomado havia poucos anos, de volta à sua terra para exercer a nova profissão, com o idealismo próprio da idade, decidiu candidatar-se a prefeito para fazer uma revolução no município.
Sua idéia consistia em reunir um grupo de amigos da faculdade, todos jovens como ele, e levá-los para ajudá-lo a promover as mudanças com que sonhava.
Campanha pobre, a principal ação era o "corpo a corpo" com os eleitores, na rua, em suas casas, nos locais de trabalho, no clube, onde quer que estivessem, e parti- cipar de uns poucos comícios.
Em certo dia os companheiros mais próximos lhe disseram:
- Temos também que ir à "zona", pedir voto às raparigas e a seus clientes.
Pessoa relativamente pura para os padrões da época, recém-casado, hesitou muito antes de render-se à necessidade de visitar os prostíbulos da cidade.
Mas, decidiu ir!
Com uns três ou quatro amigos fez uma peregrinação pela local, foi de casa em casa apertando a mão de quem estivesse por lá e pedindo o apoio para sua candidatura.
Quando chegou à última casa, a melhor de todas, que pertencia a uma celebrada caftina, chamemo-la aqui de dona Zuleika, sentiu-se desconfortável naquele imenso salão, cheio de homens e mulheres, mas foi em frente.
De repente, a dona da casa chamou-o à parte e pediu que a acompanhasse ao quarto.
Com o coração aos pulos, sem saber o que aquela mulher poderia querer, seguiu-a a um dos cómodos, que ela abriu com chave retirada de um chaveiro pendurado na cintura.
Depois que entraram, ela fechou a porta e, de pé, defronte dele, confessou-lhe o seguinte:
- Percebi que o sr. foi a pessoa mais digna que já esteve naquele salão!
A seguir, abriu um armário e, de dentro de uma gavetinha, retirou um maço de dinheiro que, delicadamente, pós no bolso de sua camisa.
Perplexo e envergonhado com a iniciativa de dona Zuleika, recusou peremptoriamente a doação e já se dispunha a devolvê-la quando ela lhe disse:
- O sr. só não aceita porque isso vem de mim.
Com compromissos a pagar, impressionado com o que ouviu e sem pretender humilhá-la, carregou consigo o dinheiro e entregou-o a um dos amigos para que liquidasse as dívidas da campanha no dia seguinte.
Quando acabou de narrar o caso, nem lhe perguntei se conquistara a prefeitura porque sei que cristãos-novos na política e idealistas como ele não ganham eleições.
O caso parecera ter terminado aí, mas ele ainda reservou uma surpresa para o final.
Vinte anos depois, morando em Salvador, recebeu uma ligação telefónica interurbana de dona Zuleika, falando da mesma casa onde ele estivera:
- O sr. se lembra de mim? ela perguntou. Tomei a liberdade de lhe incomodar porque estou precisando me aconselhar com alguém sobre um negócio importante que pretendo fazer e lembrei-me do sr.
E arrematou:
- O sr. foi a pessoa que me inspirou mais confiança.
Acho que não preciso mencionar que esses dois fatos encheram meu amigo de justo orgulho.
Afinal, pouca gente pode ostentar passagens como essas em sua biografia.

28.07.05
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