Escuta, Maria,
Maria, eu sabia
que nunca seria
eterno este amor.
As vezes que amei-te,
amei-te e deixei-te,
depois de um deleite,
jurando voltar,
eu partia sorrindo,
sorrindo e sentindo
teus lábios tão lindos
nos meus a roçar.
Ficava contando,
contando e marcando
o tempo passando
até te rever...
Rever-te, pequena,
pequena Maria
e amar-te com fúria,
qual última vez
II
E como foi louco,
tão louco e agitado
o amor de momentos
que a gente viveu!
Me lembro, Maria...
Maria, do dia
em que fiz poesia
primeira pra ti.
Estavas tão linda,
tão linda, tão linda,
numa tarde já finda
do mês de Abril!
Falei-te de amores,
de amores e flores,
de risos e cores,
do meu padecer.
E tu me sorriste,
sorriste e fingiste
que não me ouviste
falando de amor.
Que dia, Maria!
Maria, que dia!
Tu sempre sorrias...
Jamais esqueci.
Então, eu jurei,
jurei que haverias
de ser, algum dia,
amante de mim.
III
Recordo, falei-te,
falei-te baixinho,
depois de um delírio,
assim...Mesmo assim:
"No dia em que partes...
que partes, não mates
o que tu plantaste
no meu coração.
Me deixa sorrindo,
sorrindo e sentindo
meu sangue fugindo,
minha alma ... Morrer!”
IV
Um dia, Maria,
Maria, partiste
depois do que eu disse
numa noite de amor.
Meu sangue fugia,
fugia, esvaía;
mas, eu renascia
com sede e apetite
de amar outra vez,
outra vez começar.
Foi tudo tão lindo
enquanto durou...
Daí, veio Rosa,
Rosalva, Marília...
Suzana, Lindóia,
Karina, Jaci...
Julieta, Cleonice,
Janice, Amanda,...
são tantas, Maria,
que já te esqueci.
E, agora, na cama
na cama com Lana
depois de uma noite
de gozos e ais,
escrevo estes versos,
versos que evocam
tolices que eu disse
a cada mulher,
que, lembro, falei-te,
falei mesmas coisas
depois do delírio,
querida Maria.
Não ligues, Maria,
Maria, tu foste
meu caso primeiro,
primeira paixão.
Perdoa o que disse...
que disse ao beijar-te,
temendo perder-te...
O amor é assim.
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